Venda externa supera
expectativa; quantidade embarcada de açúcar em bruto cresce 94%, mas a de
carne bovida recua 38% em relação a janeiro de 2008
“Foi melhor do que o esperado”. Essa foi a
manifestação de Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs
(Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína),
ao analisar as exportações de carne suína em janeiro.
A análise poderia se repetir para a maioria dos setores do agronegócio.
Apesar da crise, as vendas externas cresceram em volume – a prevista queda na
demanda mundial por alimentos pode não se confirmar.
Apesar do volume maior, os exportadores de carnes e de grãos recebem menos
dólares. A falta de crédito e a saída dos fundos de investimentos de setor
trouxeram os preços de patamares especulativos para níveis próximos dos
históricos.
Mesmo com a queda de preços, as receitas deste ano ainda superam as de 2008
em várias commodities, devido ao aumento do volume: soja, suco de laranja,
açúcar e milho, entre outras. Além disso, o volume de reais das exportações
deste ano é bem maior do que o do ano passado, devido à desvalorização da
moeda brasileira em relação à norte- americana.
O alívio de Camargo Neto faz sentido. Após chegar a 50 mil toneladas por mês
em 2007, as vendas externas de carne suína recuaram para apenas 26 mil em
dezembro.
Para janeiro, as previsões também não eram boas, mas a indústria conseguiu
colocar 34 mil toneladas no mercado externo, 33% a mais do que no mesmo mês
de 2008. Os preços recuaram 13% por tonelada.
A avicultura também conseguiu ligeira recuperação. O setor exportou 245 mil
toneladas em janeiro, volume superior tanto ao de dezembro como ao de janeiro
de 2008. As maiores perdas ficaram para a carne bovina, que teve volumes e
preços menores
janeiro. As
toneladas, 8,1% a menos do que em dezembro e 38% abaixo das de janeiro de
2008, quando foi iniciado o embargo europeu à carne fresca brasileira.
O ano começa também como números melhores do que os previstos para a soja. O
volume deste ano esteve no mesmo patamar do de janeiro de 2008, mas os
preços, que estavam em queda livre, tiveram recuperação e os negócios foram
feitos com recuo de apenas 1,7%.
Melhor ainda para o setor sucroalcooeiro. O déficit
mundial de açúcar fez os preços subirem 18% no início deste ano em relação à
igual período de 2008. Além disso, as exportações cresceram 61% no período. O
resultado foram receitas de US$ 421 milhões com açúcar em bruto e US$ 148
milhões com o refinado no mês passado.
A crise, embora tenha trazido dificuldades para diversos setores do
agronegócio, foi benéfica para as exportações de milho.
O reajuste do dólar e os preços internos baixos tornaram o produto brasileiro
mais competitivo no mercado externo. No mês passado, foram exportados 1,33
milhões de toneladas de milho, 239% a mais do que em janeiro de 2008. O preço
médio por tonelada está 28% menor do que o registrado no início do ano
passado.
Fonte: Folha de S. Paulo –
Agrofolha – 03/02/2009