Pequenos objetos viram perigosos “petiscos” para animais de estimação

DAYA LIMA
da Revista da Folha

Quando Negris,
um cão schnauzer de oito anos, começou a usar muita
força na hora de defecar, o artista plástico Carlos Negrini, 41, viu que algo
estava errado. Afinal, o intestino do cão sempre havia funcionado como um
relógio.
Logo, outros sintomas apareceram. "Negris
ficou triste, amuado." Na hora de brincar, mais um alerta: a barriga do
animal estava dura e quente. O dono só percebeu a gravidade da situação
quando o animal parou de comer. "Ele ama comida, jamais recusaria um
bifinho."
O pet andava de barriga cheia. No caso, o "alimento" foi um
bichinho de pelúcia, brinde de uma grande rede de fast
food. A veterinária Andressa Gianotti,
cirurgiã do Hospital Veterinário da USP, está acostumada a receber pacientes
nas mesmas condições. "Por mês, temos uma média de seis a oito casos de
pets que ingeriram corpos estranhos", afirma. Segundo ela, entre as
vítimas preferenciais estão os filhotes. Mais curiosos, eles querem cheirar e
mastigar tudo.
A veterinária conta que já encontrou de tudo na barriga de animais
domésticos. "Chupetas, bicos de mamadeira, moeda, bolinhas de gude,
caroços de frutas, fio dental", enumera Andressa, que faz um alerta
também para objetos inimagináveis de serem engolidos: agulhas, aparelhos
ortodônticos e até preservativos.
O dono de Negri nunca imaginou que um bichinho de
lã fosse o responsável pelo desconforto do animal. Até que um dia, depois dos
primeiros sintomas, observou algo estranho saindo pelo ânus do cachorro.
"Achei que era sujeira. Quando fui limpar, tiras do enchimento do
brinquedo saíam de dentro dele." A quantidade era assustadora. "Não
sei como Negris viveu com tudo aquilo de lã na barriga."

A assessora comercial Cristina Lobo, 55, sabe bem o que a veterinária quer
dizer com objetos inimagináveis. Em dezembro passado, Jack, seu gato SRD (sem
raça definida), de três anos, fez uma cirurgia às pressas por ter ingerido
uma alça de biquíni. "Jack é sapeca e, não sei bem por que, tem paixão
por fios, franjas de bolsas e alças de lingerie." Certo dia, começou a
vomitar e ficou abatido, sem forças para brincar e comer. "Ao levá-lo ao
hospital, tomei um susto. Ele precisava passar por uma cirurgia de
emergência, já que um ultrassom detectou algo
estranho grudado em sua parede intestinal."

Sinais
indigestos

O proprietário deve ficar atento ao comportamento do animal. "Quando
ingerido, esse tipo de objeto pode ficar preso em partes do aparelho digestivo,
travando a passagem da alimentação e das fezes", explica a veterinária.
Os sinais são claros: o animal fica desanimado, sem vontade de comer, com
vômito e salivação excessiva, além de dor na região do abdômen.
Dica importante: não tentar soluções caseiras. É recomendável levar o animal
o quanto antes ao veterinário, diante da suspeita de que ele tenha engolido
algum objeto. "Muitos podem ser removidos sem interferência
cirúrgica", diz a veterinária.
Em casos graves, se o problema não for diagnosticado a tempo, o órgão
danificado pode se romper, causando infecção generalizada e até a morte do
bicho.
Não há motivos para desespero. Os donos de pets devem ter o mesmo cuidado que
têm com uma criança. "Afastar objetos pequenos do alcance do animal e evitar
brinquedos que podem ser engolidos", diz Vanessa.
Cuidados básicos evitam dor de cabeça. Ficar atento ao material dos
brinquedos dos pets. Eles devem ser resistentes, do tipo que não se desfazem
facilmente nem soltam fiapos.
No caso de Negris, a travessura teve final feliz. O
cão expeliu os pedaços do bichinho de pelúcia sem cirurgia. Um ultrassom comprovou que o seu intestino estava limpo e
não foi necessária a intervenção médica para livrá-lo do brinquedo indigesto.

Fonte:
Folha Online, acesso em 28/04/2009

Relacionadas

Imagem de freepik
Imagem de mulher sorridente segurando telefone ao lado dos dizeres: Semana do Zootecnista. Inscreva-se.
homem careca de cavanhaque usando jaleco branco e escrevendo em uma pasta, dentro de um curral.
mão colocando envelope rosa dentro de uma urna de votação de papelão.

Mais Lidas

Diagnóstico por imagem é uma das especialidades reconhecidas pelo CFMV
Crédito: Acervo CRMV-SP
Notebook com a tela inicial da Solução Integrada de Gestão do CRMV-SP (SIG CRMV-SP)
Responsável técnico é a figura central que responde ética, legal e tecnicamente pelos atos profissionais da empresa
Crédito: Freepik
Em São Paulo, a primeira instituição destinada ao ensino da Veterinária teve origem no Instituto de Veterinária, nas dependências do Instituto Butantan, no ano de 1919 Crédito da foto: Acervo Histórico/FMVZ-USP

Contato

(11) 5908 4799

Sede CRMV-SP 

Endereço: Rua Apeninos, 1.088 – Paraíso – CEP: 04104-021
Cidade: São Paulo

Newsletter

Todos os direitos reservados ao Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo – CNPJ: 50.052.885/0001-40