O presidente da Associação
Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs) afirmou nesta terça-feira que o mercado trava
uma "batalha da comunicação" para evitar perdas. Segundo Pedro
Camargo Neto, o mais importante é evitar a ligação do vírus
da gripe A (H1N1) com o porco.
"Ainda se fala que a carne de porco não traz problemas se for
esturricada a 90 graus", disse. "A recomendação de cozimento não
tem nada a ver com o H1N1, é indicada para outros vírus", completou, ao
participar de uma audiência pública na Comissão de Agricultura e Reforma
Agrária do Senado.
"Nossa preocupação era que não transparecesse uma denominação errada
para o consumidor. Demorou alguns dias para que a Organização Mundial da
Saúde e o Ministério da Saúde aceitassem que aquilo estava errado [o nome
gripe suína] e mudassem o nome", avaliou. "Agora estão chamando de
A (H1N1), que é quase o nome científico, e os veículos de comunicação já
chamam de ‘nova gripe’, para facilitar".
Na última quinta-feira, a OMS decidiu mudar oficialmente o nome da gripe de
suína para "influenza A (H1N1)", motivada por reclamações das
indústrias do setor alimentício, receosas de perderem vendas de carne suína.
Defensores de animais também reclamaram do primeiro nome dado à doença.
Camargo Neto disse que o setor ainda se recupera das perdas provocadas pela
crise financeira e, por isso, a gripe causa preocupação com uma eventual
retração no mercado. Essa retração, segundo ele, até agora não foi sentida.
"Perdas, perdas, perdas, a gente não pode falar ainda. O que houve foi uma certa confusão, negócios atrasaram, mas as vendas
ocorreram. Estamos preocupados de não termos venda no futuro."
O presidente da Abipecs disse que o único mercado
que o Brasil perdeu no exterior até o momento foi o Azerbaijão. Por outro
lado, a Rússia solicitou informações sobre a carne suína brasileira para o
Ministério da Agricultura. "Nossa expectativa é que o setor não perca o
crescimento nas exportações, que vinha recuperando as perdas do ano passado."
"O prazo [desde o surgimento da nova gripe] é muito pequeno ainda. Mas
todo dia a gente fica em sobressalto", concluiu Camargo Neto.
Fonte:
UOL, acesso em 05/05/2009