O governo brasileiro autorizou
ontem previamente a fabricação, distribuição e comercialização no País de uma
vacina contra a gripe suína. Isso deverá reduzir em pelo menos um ano o prazo
para a eventual disponibilização do produto, que está em fase inicial de
pesquisa no mundo.
No entanto, o Ministério da Saúde informou ter decidido que, no momento, dará
prioridade à importação de imunizantes produzidos por multinacionais. A pasta
não vai investir agora na fabricação de uma vacina nacional pela Fundação
Butantã, pois defende que ela priorize a produção da vacina contra a gripe
comum, que está atrasada.
A fundação, ligada ao governo estadual de São Paulo, é o único laboratório
público que tem uma fábrica de vacina contra a influenza sazonal no País,
investimento de R$ 54 milhões do Estado e União, mas ela ainda não está
produzindo por causa de atrasos nos cronogramas das obras. O objetivo era
que, com a planta, o País tivesse alcançado a autossuficiência
destas vacinas em
doença gera 500 mil mortes anuais no mundo.
O secretário de Ciência e Tecnologia do ministério, Reinaldo Guimarães,
destacou que ainda é controversa a fabricação da nova vacina e que podem
ocorrer problemas. "Nós entendemos que isto pode demorar. O Butantã
recebeu recursos muito importantes para produzir a vacina sazonal, e ele está
atrasado, então a posição é que ele tem de continuar o processo. Com relação a vacina de gripe suína, o ministério vai comprar de
produtores que oferecerem, se ela aparecer", disse Guimarães.
"Quando o Butantã tiver isto com velocidade de cruzeiro, vamos examinar.
Ele é uma instituição de primeiríssima qualidade. No Brasil, o que se fizer
em influenza, é do Butantã", completou. A reportagem não localizou
representantes da fundação para comentar. O presidente do órgão, Isaías Raw, vinha defendendo a priorização da vacina contra o
novo vírus.
Segundo a resolução da diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), a
autorização prévia para a nova vacina só vale para detentores de registro de
vacinas contra o vírus da gripe no Brasil, que tenham fábricas do produto e
para produção a partir da cepa do novo vírus fornecida pela Organização
Mundial da Saúde. Além disso, a agência deverá ser comunicada após o
recebimento da cepa.
De acordo com o diretor-presidente da Anvisa,
Dirceu Raposo de Mello, todo o processo será acompanhado por um comitê
técnico regulatório, que poderá verificar eventuais problemas e dar soluções
imediatas. "Propusemos a medida para que não se crie problemas
burocráticos." No Brasil, há pelo menos cinco laboratórios com registro
de vacinas contra a gripe, entre eles o Butantã, o único nacional. Os demais
não têm fábrica do produto.
DIAGNÓSTICO
Ontem, a agência liberou, para laboratórios do Rio e São Paulo, os primeiros
kits de diagnóstico da nova doença, que deverão elucidar casos suspeitos. Os
resultados devem sair em 72 horas, a partir do início das análises.
Fonte:
Estado de S. Paulo, 07/05/2009