A queda-de-braço com os
frigoríficos começa a dar resultados positivos aos pecuaristas. Após semanas
sem negociar a venda a prazo dos bois as empresas inadimplentes, seguindo
orientações das entidades representativas do setor, os criadores observam a
valorização do preço dos animais e recebem as primeiras parcelas das dívidas
dos frigoríficos. Na última semana, a cotação do boi registrou aumentos
significativos nas suas principais praças. Uma das regiões que apresentou
alta de preços foi o Mato Grosso. Segundo levantamento realizado pela Scot Consultoria, as três regiões consultadas
apresentaram reação de R$
arroba, ou seja, 1%. O mesmo aumento foi observado
"Diante dos preços menores que os frigoríficos vinham pagando, o
pecuarista reduziu a oferta de gado para abate aproveitando o finalzinho das
pastagens", avalia Rafael Ribeiro de Lima Filho, analista da Scot.
São Paulo
do Centro de Estudos Avançados
(Cepea), os preços do boi gordo voltaram a reagir
devido à menor oferta de animais prontos para abate.
No Mato Grosso do Sul, onde a expectativa é a de que os preços da arroba do
boi gordo atinjam R$ 75 na próxima semana, a oferta reduzida tem sido um dos
principais trunfos na elevação dos preços. Segundo dados da Superintendência
Federal de Agricultura do Mato Grosso do Sul, os abates de bovinos no estado
caíram 13,5% nos primeiros quatro meses de 2009, ante o mesmo período de
2008.
Recebimento das dívidas
Hoje o Marfrig retoma as operações da sua unidade
no município de Porto Murtinho, no Mato Grosso do Sul. A planta tem
capacidade de abate de 850 cabeças por dia. Para reabrir a fábrica o frigorífico
contratou este mês 300 funcionários, número que ainda é inferior aos 460
funcionários que foram demitidos após a paralisação da unidade, em outubro do
ano passado.
Desde o último dia 18 de maio, quando o Independência
retomou os abates na fábrica de Rolim de Moura, em Rondônia, outras cinco
plantas voltaram a operar, somando uma capacidade de abate da ordem de 5,2
mil cabeças por dia. Além do Marfrig, o frigorífico Quatro Marcos e o Grupo Arantes retomaram as
atividades no Mato Grosso.
O retorno das operações só foi possível após o pagamento das primeiras
parcelas das dívidas que os frigoríficos inadimplentes realizaram aos seus
credores.
O Quatro Marcos localizado na cidade de Vila Rica depositou R$ 500 mil,
referente a primeira parcela de 12, que ainda vão
ser realizadas. Este valor corresponde ao acordo que foi firmando entre os
pecuaristas e a unidade frigorífica, no mês passado, de um crédito
equivalente a 8,5 milhões.
Segundo o presidente do Sindicato Rural, Ivan Pelissari,
– interlocutor das negociações junto com a Federação da Agricultura e
Pecuária de Mato Grosso (Famato), o frigorífico
efetuou o pagamento de R$ 1 milhão, no dia 20 de abril. "Nós tivemos que
abrir uma conta jurídica para que os pagamentos fossem efetuados de forma
correta", disse Pelissari, que assim que o
pagamento foi efetuado, o grupo suspendeu o bloqueio que estava montado na
estrada que dá acesso a unidade frigorífica. O frigorífico estava em dívida
com 130 pecuaristas, dos quais apenas 86 aceitaram o acordo. O frigorífico
retomou o abate assim que o primeiro sinal foi depositado. A unidade está
abatendo cerca de 600 cabeças por dia e o pagamento está sendo realizado a vista.
Após sofrer um bloqueio de 12 dias, a planta de São José dos Quatro Marcos também voltou a operar depois que
investidores que estiveram no município se propuseram a comprar os créditos
dos credores junto ao frigorífico. Ficou acertado que o pagamento da dívida
será em 25 parcelas mensais, sendo que a primeira, de R$ 400 mil já foi
depositada. Daqui trinta dias, o grupo efetuará o pagamento de mais R$ 400
mil, e o restante será parcelado em aproximadamente 25 parcelas de 300 mil.
Esta semana haverá uma reunião para discutir o repasse. Fazem parte do pacote
cerca de 53 pecuaristas, de um montante de 103, com
crédito.
Monte Verde
primeiro sinal para os 40 pecuaristas da região. Os créditos acima de R$ 100
mil serão pagos em 12 vezes e os valores menores serão feitos em menos
parcelas. O valor total do crédito gira em R$ 6 milhões. "Vamos
continuar tentando interferir na condição de venda, queremos quebrar
paradigmas, fazendo com que a maioria das vendas seja efetuada a vista",
afirma Rui Prado, presidente da Famato. Segundo
ele, antes dos pedidos de recuperação judicial e das paralisações dos
frigoríficos, cerca de 90% dos negócios eram feitos a prazo, tendência que já
está mudando.
Apesar da perspectiva otimista para os pecuaristas, que devem conseguir
sustentar as altas do boi com o novo aumento da demanda, começam a ser
articulas ações para ampliar a oferta de animais. No próximo dia 29, Nelson
Cintra, prefeito de Porto Murtinho, viajará para a cidade de Assunção, no
Paraguai, para tentar fechar um acordo de compra para levar gado em pé para o
Estado do Mato Grosso do Sul. A medida seria para reduzir o preço ao
consumidor final.
A queda-de-braço com os frigoríficos começa a dar resultados positivos aos
pecuaristas. Além da valorização de preços, o setor de carne bovina assiste à
retomada de plantas fechadas e ao
pagamento de dívidas.
Fonte: Agrolink,
acesso em 25/05/2009