Dono de participação em indústria investigada, banco estatal não
admite rever, neste momento, sociedade com empresas do setor
O presidente
do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano
Coutinho, criticou ontem a ação do Ministério Público contra frigoríficos
envolvidos com o desmatamento na Amazônia. "Lamentavelmente, o
Ministério Público iniciou ação que não tem fundamento", disse.
O Ministério Público Federal do Pará investe contra frigoríficos e redes de
varejo envolvidos na venda de carne produzida em áreas desmatadas
ilegalmente. As ações civis públicas movidas no Estado pedem indenização de
R$ 2,1 bilhões de pecuaristas e frigoríficos que contribuíram para o
desmatamento da Amazônia.
Dono de participação acionária bilionária em frigorífico investigado por
compra de carne oriunda de áreas desmatadas ilegalmente, o BNDES não admite,
por ora, rever a sociedade com as empresas do setor. A Folha encaminhou essa
pergunta ao banco, mas ainda não obteve resposta.
Ao comentar a ação do Ministério Público, Coutinho afirmou, no entanto, que
poderá acionar penalidades previstas nos contratos caso fique provado que os
compromissos ambientais assumidos pelos frigoríficos foram desrespeitados. A
revisão da participação acionária está prevista nos contratos.
"O banco não tem condições de fiscalizar centenas de contratos "in
loco", mas conta com a sociedade", afirmou o presidente do BNDES.
A ONG Amigos da Terra, autora de estudo sobre os frigoríficos e a legislação
ambiental, pediu formalmente que o BNDES responda como corresponsável nas
ações.
Ainda não houve resposta da Justiça ao pedido.
Sociedade
O BNDES detém 27,5% do capital do frigorífico Bertin. Segundo o diretor da
ONG, Roberto Smeraldi, a entrada do banco nas ações favoreceria o ajustamento
dos frigoríficos e sua rede de fornecedores às regras da legislação
ambiental.
Em abril, estudo da Amigos da Terra divulgado pela Folha mostrou que o BNDES
havia investido, só em 2008, R$ 5,9 bilhões em participações acionárias
deles, estabelecidos na Amazônia, não tinham como garantir a origem legal da
carne, disse, na ocasião, Roberto Giannetti da Fonseca, presidente da Abiec,
entidade que representa grandes frigoríficos.
Ontem, o presidente do BNDES insistiu em que o banco não é tolerante com
"delinquência" em matéria ambiental, embora a instituição não tenha
tomado nenhuma providência diante dos indícios de descumprimento da
legislação.
"Estamos buscando soluções eficazes com o setor privado, de maneira não
apenas a corrigir mas a prevenir", afirmou Coutinho.
Neste mês, a IFC (Corporação Financeira Internacional), do Banco Mundial,
anunciou a interrupção da parceria com o frigorífico Bertin.
A IFC fez um empréstimo de US$ 90 milhões à empresa, mas nem todas as
parcelas foram repassadas. Segundo o Bertin, a descontinuidade ocorre em
razão do cenário econômico. A IFC afirmou que a suspensão foi acordada em
maio, antes das denúncias.
Em mais uma ação contra empresas do setor, a Operação Abate, movida em
conjunto pela PF (Polícia Federal) e pelo Ministério Público Federal de
Rondônia, denunciou dois grandes frigoríficos e prendeu 22 pessoas no começo
da semana. A operação investiga crimes de formação de quadrilha e corrupção,
entre outros.
Fonte: Folha de S. Paulo, 19/06/2009
Relacionadas
Mais procurados
zoonoses ABVAQ baixas temperaturas viagem de avião São Carlos mercado pet projetos 2022 resgate técnico animal janeiro branco Esleibe Ghion Litoral Norte Leptospirose conchectomia mastite Idaf Prêmio Pecuária Saudável Deinter-7 Novos Fiscais suinocultura agente fiscal anestésicos fiscal agropecuário
-
Horário de atendimento telefônico: de segunda a sexta-feira das 8h às 17h (sede)
Horário de atendimento presencial: de segunda a sexta-feira das 8h30 às 16h (sede)
Acesso Rápido
Contato
(11) 5908 4799
Sede CRMV-SP
Endereço: Rua Apeninos, 1.088 – Paraíso – CEP: 04104-021
Cidade: São Paulo
Todos os direitos reservados ao Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo – CNPJ: 50.052.885/0001-40