O Brasil é o país com
maior número de espécies de pássaros ameaçadas de extinção em todo o mundo,
segundo o mais recente relatório da União Internacional para a Conservação da
Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, na sigla em inglês), divulgado nesta
quinta-feira.
De acordo com a Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas, 122 espécies de
pássaros correm o risco de desaparecer no Brasil. Em seguida, vêm Indonésia,
com 115, e Peru, com 93.
Em todo o mundo, mais de 800 espécies de animais e plantas já foram extintas
nos últimos 500 anos e cerca de 17 mil espécies correm risco de desaparecer,
segundo o relatório da IUCN, compilado a cada quatro anos.
O relatório foi publicado pouco antes do prazo fixado por governos
internacionais para avaliar os progressos em relação à meta de combate à
perda de biodiversidade até 2010. Segundo a IUCN, esses objetivos não serão
cumpridos.
Ao todo, 44.838 espécies – apenas 2,7% do 1,8 milhão de espécies já descritas
– foram analisadas.
O documento mostra que pelo menos 869 espécies foram completamente extintas
ou extintas em seu habitat natural, mas o número pode chegar a 1.159 se forem
consideradas as 290 espécies classificadas como possivelmente extintas, que
formam parte do grupo de espécies criticamente em perigo.
Ameaças
Ao todo, pelo menos
16.928 espécies estão ameaçadas de extinção, incluindo quase um terço dos
anfíbios, mais de um em cada oito pássaros e quase um quarto de todos
mamíferos, de acordo com a lista.
Considerando-se a pequena proporção de espécies analisadas, o número pode ser
apenas "a ponta do iceberg", mas daria uma boa idéia do risco,
segundo a IUCN.
"Quando os governos adotam ações para reduzir a perda de biodiversidade
há alguns avanços, mas ainda estamos longe de reverter esta tendência",
disse Jean-Christophe Vié, vice-diretor do Programa de Espécies da IUCN e
editor do relatório.
"É hora de reconhecer que a natureza é a maior empresa da Terra,
trabalhando para o benefício de 100% da humanidade â?" e o faz de graça.
Os governos deveriam se esforçar tanto, ou mais, para salvar a natureza como
se esforçam para salvar os setores financeiros e econômicos."
Segundo Vié, a crise da biodiversidade é muito mais severa do que a crise
econômica ou dos bancos. Na Europa, 38% das espécies de peixe estão ameaçadas
e no leste da África este número chega a 28%.
Um dos principais motivos para os altos índices de risco seria a alta
interrelação entre sistemas de água doce, que permite que a poluição se
espalhe e que novas espécies invadam o habitat de outras e o desenvolvimento
de recursos aquáticos.
Mar
No mar, a pesca excessiva, mudanças climáticas, espécies invasoras,
desenvolvimento da costa e poluição respondem pelas ameaças.
Seis das sete espécies de tartarugas marinhas estão ameaçadas de extinção,
assim como 27% das 845 espécies de corais. Outras 20% das espécies de corais
estão quase ameaçadas de extinção, segundo a Lista Vermelha.
Os pássaros marinhos também estão mais ameaçados do que os pássaros
terrestres, com 27,5% das espécies em extinção, em comparação com 11,8% dos
pássaros terrestres.
A principal causa de extinção e ameaça das espécies terrestres é a destruição
de habitats por agricultura, exploração de madeira e desenvolvimento. A caça
insustentável é a segunda maior ameaça aos mamíferos, atrás da perda de
habitat.
"O relatório é uma leitura deprimente", disse Craig Hilton Taylor,
diretor e co-editor da Lista Vermelhada IUCN.
"Ele nos mostra que a crise de extinção está ruim ou ainda pior do que
acreditávamos. Mas ele também mostra as tendências que essas espécies
seguiram e portanto é parte essencial dos processos de tomada de
decisão."
A Lista Vermelha acompanha as tendências de risco de extinção em grupos de
espécies, separados por regiões e habitats. Ela só considera espécies não
extintas a partir do ano 1500.
Fonte: Estado Online, acesso em 02/07/2009