Pesquisadores americanos da
Instituto Broad, de Boston, ligado ao MIT e
à Universidade Harvard, afirmam que encontraram um composto químico, que era
usado para tratamento de gado e aves, que mata as raras e agressivas células
cancerosas que têm a habilidade de formar novos tumores. Estas células,
chamadas de células-tronco cancerosas, permitem que o câncer se espalhe e
também reapareça depois do que parecia ser um tratamento bem sucedido, além
de também poder ser a causa dos tumores secundários.
Chegar até estas células com os tratamentos disponíveis é muito difícil. As
técnicas tradicionais envolvem cirurgia, cortando o máximo possível do câncer
e tentando matar suas células restantes com radiação.
Estes métodos nem sempre funcionam, pois as células-tronco cancerosas, raiz
do câncer, geralmente sobrevivem.
Outro problema apontado pelos pesquisadores é que células cancerosas podem
estar enterradas profundamente entre tecidos e órgãos como o cérebro ou o
fígado. Então, as tentativas de tratamento convencional nestes casos também
significam uma ameaça à vida do paciente.
Mas os pesquisadores encontraram um medicamento já existente, a salinomicina – um antibiótico já usado para tratar
infecções intestinais em gado e aves -, que conseguiu destruir as
células-tronco cancerosas em ratos.
"Muitas terapias matam o grosso de um tumor, apenas para que ele volte a
crescer", afirmou Eric Lander, diretor do Instituto Broad
e autor da pesquisa publicada na revista especializada Cell.
"Este (estudo) aumenta a perspectiva de novos tipos de terapias contra o
câncer."
Dificuldades
Os pesquisadores de terapias contra o câncer lutavam para tentar estudar as
células-tronco cancerosas
comparadas com outras células de tumores, combinada com a tendência dessas
células de perderem suas propriedades de células-tronco quando cultivadas
fora do corpo, limitavam a quantidade de material disponível para análise.
Mas os pesquisadores usaram técnicas já existentes para "treinar"
células adultas a passarem por uma mudança importante, que altera sua forma e
mobilidade. Ao mesmo tempo, as células podem adotar propriedades semelhantes
às das células-tronco.
Com um grande número dessas células-tronco em mãos, a equipe de pesquisadores
de Boston fez uma análise em ampla escala de milhares de compostos químicos,
aplicando métodos automáticos para procurar pelos que tinham atividade contra
células-tronco de câncer de mama.
Foram testados 16 mil compostos químicos. De um grupo de mais de 30
candidatos mais promissores, os pesquisadores identificaram a salinomicina, que apresentou
uma potência surpreendente.
A salinomicina matou não
apenas as células-tronco cancerosas criadas em laboratório, mas também as
naturais.
Comparada a um medicamento quimioterápico comum receitados para casos de câncer de mama, conhecida
como paclitaxel, a salinomicina reduziu o
número células-tronco cancerosas em mais de 100 vezes. E também diminuiu o
crescimento de tumores de mama
Os
científico, mas acrescentam que ainda é muito cedo para saber se os pacientes
de câncer vão se beneficiar com ela.
Ainda é necessária a realização de mais pesquisas para determinar exatamente
como a salinomicina funciona para
matar as células-tronco cancerosas e se tem o mesmo poder de reduzir tumores
em humanos, um tipo de análise que pode levar vários anos.
Segundo o repórter Julian Siddle, da unidade de ciência da BBC, os cientistas
afirmam que esta foi uma experiência de prova de princípio e que o mesmo
medicamento não deverá ter o mesmo efeito em humanos, mas outros remédios
semelhantes poderão ser usados em tratamentos no futuro. Para um outro autor da
pesquisa e diretor do Instituto Broad, Pyush Gupta, o estudo "sugere uma
abordagem geral para encontrar novas terapias contra o câncer que podem ser
aplicadas a qualquer tumor sólido mantido por células-tronco cancerosas".
Fonte:
Estado Online, acesso em 14/08/2009