Galos procuram adoção na avenida Paulista

Há duas semanas Átila está exposto ao público, numa feira de adoção, enquanto aguarda um dono. Todos os dias, em média, 50 pessoas que passam por uma das construções mais antigas da avenida Paulista param para vê-lo, encantadas com as penas em tons de verde, marrom e laranja. A cada movimento ou som que faz, é possível ouvir palavras de admiração e espanto.
Átila e mais 36 galos de combate, criados para rinhas, foram apreendidos na Grande São Paulo, numa operação realizada pelo Ibama, no início de julho, segundo a ONG Projeto Natureza em Forma, responsável pela feira. Depois de um período de tratamento veterinário no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), os galos aguardam adoção em um sítio, em Igaratá, a 77 Km de São Paulo. No momento, apenas Átila está exposto.
“Estamos acostumados a recolher cachorros e gatos. Receber tantos galos de uma só vez é uma novidade. Ainda estamos aprendendo como agir nesse caso”, diz Lito Fernandez, biólogo e fundador da Natureza em Forma.
Quem quiser levar Átila para casa enfrentará um questionário ainda mais rigoroso do que o usualmente aplicado aos adotantes de cães e gatos.
Além de fornecer cópias de CPF, RG e comprovante de residência, o candidato precisa convencer a ONG de que lá o bicho terá boa comida, espaço para se exercitar e veterinário quando necessário. Lito explica que a preocupação é para evitar que os galos adotados virem almoço no dia seguinte. “Tento investigar o máximo da pessoa. Se ela for vegetariana, ganha mais ‘pontos’. Mas, no fim, te nho mesmo é que acreditar na palavra da pessoa”, esclarece.
Dos galos apreendidos, 15 já foram adotados –12 doados a voluntários de ONGs e apenas três destinados a particulares que não têm relação com a causa ambiental.
Um dos novos donos é Adriana Salvador, de Pindamonhangaba, que adotou uma das aves para ocupar o lugar do galo de estimação que morreu no ano passado. Obina, como o animal foi chamado, em homenagem ao jogador do Palmeiras, teve dificuldades para se adaptar a nova casa. “Dá impressão que ele sofreu muito. Chegou muito assustado”, diz a dona.
Para garantir que os galos sejam bem tratados, a ONG mantém um sistema de monitoramento pós-adoção. O plano inicial era que, além dos contatos periódicos por e-mail e telefone, os donos também enviassem, uma vez por mês, fotos atualizadas das aves. No entanto Lito cancelou o envio das imagens, pois acredita que o excesso de regras dificulta o processo.
Ele supõe que o fato de os galos serem castrados também desestimula adoções, já que muitos interessados gostariam de usá-los para procriação.
Um ponto positivo nessa adoção é que o dono gastaria pouco com o novo bichinho. Lito garante que a ave não come mais do que 2 Kg de ração por mês –que pode ser comprada por menos de R$ 2 o quilo–, além de restos de verduras e legumes.
Enquanto não ganha um lar, Átila continua sendo o destaque da feira de adoção. Os voluntários do Natureza em Forma contam que o galo faz sucesso sobretudo com os homens, que gostam de se comparar ao animal. “Ele impressiona pelo porte, passa uma sensação de potência, de vigor. Por isso demos esse nome a ele, fazendo referência ao grande conquistador [rei dos Hunos, que viveu no século 5 e comandou ataques contra o Império Romano]”.
Todos os animais disponíveis na feira de adoções, inclusive os galos, são castrados, vermifugados e levam um microchip com informações do RGA, o Registro Geral de Animais, controla do pelo CCZ.

Fonte: Folha Online, acesso em 02/09/2009

Relacionadas

Imagem de freepik
Imagem de mulher sorridente segurando telefone ao lado dos dizeres: Semana do Zootecnista. Inscreva-se.
homem careca de cavanhaque usando jaleco branco e escrevendo em uma pasta, dentro de um curral.
mão colocando envelope rosa dentro de uma urna de votação de papelão.

Mais Lidas

Diagnóstico por imagem é uma das especialidades reconhecidas pelo CFMV
Crédito: Acervo CRMV-SP
Notebook com a tela inicial da Solução Integrada de Gestão do CRMV-SP (SIG CRMV-SP)
Responsável técnico é a figura central que responde ética, legal e tecnicamente pelos atos profissionais da empresa
Crédito: Freepik
Em São Paulo, a primeira instituição destinada ao ensino da Veterinária teve origem no Instituto de Veterinária, nas dependências do Instituto Butantan, no ano de 1919 Crédito da foto: Acervo Histórico/FMVZ-USP

Contato

(11) 5908 4799

Sede CRMV-SP 

Endereço: Rua Apeninos, 1.088 – Paraíso – CEP: 04104-021
Cidade: São Paulo

Newsletter

Todos os direitos reservados ao Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo – CNPJ: 50.052.885/0001-40