Um pêlo limpo, bem escovado e aparado nem sempre é sinônimo de que um cão ou gato goza de boas condições de saúde. Embora os donos de animais de companhia se preocupem com o bem estar de seus animais levando-os frequentemente para tomar banho e tosar o pêlo, estes cuidados não se estendem à prevenção de doenças – já que 75% dos brasileiros que possuem pet só levam os animais ao veterinário quando o animal apresenta algum tipo de problema.
De acordo com o levantamento Radar Pet, pesquisa feita junto a representantes das classes econômicas A, B e C, encomendado pela Comissão de Animais de Companhia (Comac) do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (SINDAN), entre os proprietários de animais de companhia, apenas 24% dos proprietários de cães e gatos têm o hábito de levar seus bichos de estimação para consultas preventivas. Se forem considerados aqueles que levam seus pets para tratamentos prolongados, esse número cai para 11%.
Apesar desta aparente despreocupação com questões mais amplas envolvendo a saúde dos animais de companhia, a pesquisa identificou que 55% dos cães tomam banho semanal e 42% tem o pêlo tosado – a maioria em locais fora de casa.
Embora esses sejam cuidados que reflitam também na saúde dos pets, questões como a cinomose, uma das mais importantes doenças que acomete os cães, está longe de ser erradicada do país, uma vez que hoje vacina-se apenas 20% da população canina nacional.
Durante a pesquisa, quando questionados sobre os principais receios relacionados à saúde dos seus animais, 16% apontaram pulgas e carrapatos e 13% revelaram não haver nenhum tipo de preocupação.
Em Curitiba (PR), por exemplo, município cujos gastos com banho e tosa estão acima da média nacional (cerca de R$ 70,00), apenas 24% levam seu bichinho regularmente a uma clínica veterinária.
Para o veterinário e presidente da COMAC, Luiz Luccas, esta aparente contradição se deve pelo fato de que não há no país o hábito de cuidados preventivos com a saúde. “É muito importante levar os pets regularmente ao veterinário, porém na maioria dos casos os donos não compreendem o valor que isso tem e o impacto que isso causa na relação estabelecida entre ele e o animal. Se você se prevenir, acaba diminuindo o risco do pet desenvolver problemas futuros”, explica.
Luccas recomenda que, se possível, o animal visite o veterinário uma vez a cada seis meses – uma para a vacinação obrigatória e outra para fazer diagnósticos preventivos.
“Lamentavelmente, muitas pessoas deixam de vacinar seus pets anualmente, isso é um fator de risco. Um grande grupo não faz a vacinação anual e não utiliza as vacinas disponíveis no mercado.
Doenças como cinomose, raiva, tosse dos canis, hepatite, leptospirose e parvovirose, entre outras, podem ser tratadas com as vacinas múltiplas”, acrescenta. Além das doenças, à medida que o pet envelhece, as visitas ao veterinário podem melhorar a qualidade de vida do animal.
Para fazer com que a maioria dos donos de cães e gatos reconheça a importância das consultas periódicas ao veterinário, Luccas reforça que há a necessidade de ressaltar, além dos aspectos relacionados à saúde do animal, a importância da relação pet-proprietário.
“É preciso valorizar a relação entre proprietários e seus animais de estimação destacando o papel que os animais de companhia estão ocupando na vida das pessoas”, justifica. Isso deve ser feito a partir da conscientização de que a companhia do cão e do gato pode trazer benefícios e bem estar ao ser humano, especialmente em aspectos relacionadas à saúde e bem estar das pessoas.
Fonte: UOL (acessado em 15/12/09)