Mesmo sem ter filhotes há quatro anos, a cadela Julli Maria, uma mistura de cocker spaniel com vira-lata, passou a produzir leite e amamentar quatro gatinhos órfãos que adotou na semana passada. A gata foi envenenada na vizinhança.
A cadela pertence à artesã Isabel Narciso, 53 anos, uma das mais antigas moradoras do bairro Jardim Jandira, na zona leste de Rio Preto.
Isabel ainda vive com o jaboti Touché e as maritacas Louro Antonio e Pitt-Estêvão. As maritacas apareceram e ficaram. Nunca souberam o que é gaiola. Vivem na mangueira e na goiabeira da casa, onde há também pés de pitangas e de pinhas. “Eles defendem as frutas da casa contra as maritacas nômades. Só comem as frutas que dou.”
O mais curioso da casa é o jaboti Touché. Ele segue as pessoas à espera de cafuné. O jaboti também adotou dois cachorrinhos, filhotes de Julli Maria, quatro anos atrás. “Podem não acreditar, mas só sobreviveram os dois que ele protegia. Os outros morreram. Ele carregava os cachorrinhos pelo pescoço, como se fosse uma cadela mãe”, conta a dona. Hoje, Touché carrega os gatinhos nas costas, mas sob o olhar da cadela.
Para o médico veterinário Ronaldo Marcos da Cunha, cadela adotar filhotes de gato é raro, mas amamentar é explicável. Ele diz ser provável que a cadela estivesse vivendo um fenômeno conhecido como pseudociese, também chamada de falsa prenhez, gestação psicológica ou lactação nervosa. “É uma síndrome observada em cadelas não gestantes, seis a 14 semanas após o estro (período propício ao acasalamento), quando a produção de hormônios induz o aparecimento de leite.”
Cunha acredita que a proximidade dos gatinhos estimulou ainda mais a produção de leite.
Fonte: Jornal Bom Dia (acessado em 18/12/2009)