Macaco primitivo aprende conceitos de matemática

A compreensão de princípios básicos de matemática não é exclusividade de humanos e seus “parentes” evolutivos mais próximos, como o chimpanzé.

Cientistas alemães descobriram que o macaco reso, espécie asiática que divergiu do homem há 25 milhões de anos, é capaz de reter conceitos simples, como “mais” e “menos”.

“Os resultados dos macacos, de certa forma, lembram o estágio inicial das capacidades cognitivas em crianças pequenas”, disse à Folha Andreas Nieder, neurocientista da Universidade de Tübingen que liderou a pesquisa.

Embora a desenvoltura dos macacos com números já fosse conhecida, os resultados do estudo, publicado nesta terça-feira (19) no periódico científico PNAS – Proceedings of the National Academy of Sciences, abordam a questão por um ângulo diferente e em primatas evolutivamente distantes dos humanos.

Melhores que universitários

Pesquisas anteriores na Universidade de Kyoto, no Japão, já haviam medido o desempenho cognitivo de macacos, baseando-se principalmente na capacidade de memorização.

Nesses testes, alguns chimpanzés chegaram a ter resultados melhores do que estudantes universitários. Dessa vez, porém, os cientistas quiseram analisar até onde os macacos seriam capazes de “aprender” de fato, e não apenas memorizar resultados das operações.

No experimento alemão, os macacos tinham de distinguir figuras com “mais” objetos das figuras com “menos” objetos. Ao acertar, recebiam uma recompensa como estímulo.

Para garantir que os macacos não estariam simplesmente decorando as figuras, os pesquisadores mudavam constantemente sua representação gráfica. A forma, o tamanho e até o espaçamento entre os objetos estava sempre variando.

“A mera compreensão da magnitude numérica não era suficiente. Eles tinham de entender princípios matemáticos básicos e não simbólicos para atingir o objetivo”, diz Nieder.

Deu trabalho. Durante quase um ano, sua equipe se dedicou a ensinar o conceito de “maior” e “menor” aos resos. As regras das operações foram apresentadas centenas de vezes em telas no laboratório, até que eles as aprendessem.

Nos testes, quanto maior a diferença entre as partes, melhores eram os resultados dos macacos. Ou seja, para eles é bem mais fácil, por exemplo, reconhecer que “seis é maior que dois” do que acertar que “seis é maior que cinco”.

Mapeamento cerebral

Após essa etapa, os cientistas se dedicaram a mapear áreas do cérebro relacionadas a essas operações. Eles escanearam o córtex pré-frontal (região abaixo da testa) dos macacos e mostraram que neurônios ali ajudam a processar conceitos matemáticos abstratos.

Segundo os cientistas, o resultado é um passo importante para entender como humanos chegaram à interpretação de símbolos numéricos e aos sistemas matemáticos formalizados.

“Operações matemáticas simbólicas podem cooptar ou “reciclar” os circuitos pré-frontais para enriquecer e aumentar nossas capacidades matemáticas simbólicas”, afirma Nieder, sugerindo a realização de testes comparativos entre humanos e macacos.

Fonte: Folha de São Paulo (acessado em 19/01/10)

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