Médicos veterinários e especialistas em antibióticos criticaram bastante o conteúdo da reportagem levada ao ar pelo Programa Evening News, da rede de televisão americana CBS, sobre uma provável ameaça à saúde humana decorrente da utilização de antibióticos na criação intensiva para obtenção de proteína animal.
No material exibido esta semana, o âncora Katie Couric levantou a possibilidade de que o uso excessivo de antibióticos em animais para promover o crescimento e prevenir doenças pode representar uma ameaça para a saúde dos americanos, levando à criação de novas estirpes de bactérias resistentes aos medicamentos, tais como MRSA. “Foi bastante curto em fatos e ciência e longo em demasia nas especulações”, analisa Richard Carnevale, veterinário e vice-presidente do Instituto de Saúde Animal.
Para ele, a abordagem da CBS não conseguiu colocar em perspectiva que o grave problema de bactérias resistentes aos antibióticos ocorre principalmente no aumento dos hospitais, que tem pouco a ver com animais. O especialista integrou um grupo de especialistas que participaram de uma entrevista coletiva organizada em resposta à reportagem da CBS News. “A forma de MRSA que está colocando em risco os seres humanos não é a mesma cepa encontrada em animais”, corrigiu Richard Carnevale.
Enquanto a reportagem da CBS ouviu um funcionário da FDA – Food and Drug Administration, que afirma serem necessárias garantias e vigilância para evitar o uso inadequado de antibióticos em animais criados industrialmente, os médicos que participaram da entrevista informaram que só são utilizados pelo segmento os remédios aprovados pelo FDA, nos animais com risco de doença e com uso devidamente fiscalizado pelas autoridades.
A médica Liz Wagstrom, vice-presidente de ciência e tecnologia do Conselho Nacional de Suinocultura, diz que seu grupo promove sistematicamente avaliações e estudos com os veterinários dentro do processo de decisão para o uso de antibióticos em animais em risco. “Os dados mostram que a resistência está diminuindo, não aumentando, devido à progressiva ação da indústria”, diz Wagstrom.
“O risco para a saúde humana decorrente da utilização de antibióticos em animais é pequeno e aqueles que estão preocupados com uma potencial ligação estão apenas olhando para um pedaço da cadeia causal, em vez das muitas etapas envolvidas entre a fazenda e o garfo”, aponta Scott Hurd, epidemiologista sênior da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Iowa. “O problema não é se vamos proibir todos estes antibióticos, mas se vamos ter qualquer melhoria na saúde dos animais”, diz Hurd, que é ex-subsecretário adjunto para a segurança alimentar do Ministério da Agricultura dos Estados Unidos. “Você acaba tendo mais doenças humanas quando você proíbe antibióticos”, sentenciou.
Fonte: Revista Porkworld (acessado em 12/02/10)