A fiscalização e combate à inserção de água fora do limite estabelecido em frangos dispõe, ainda hoje, de apenas uma metodologia oficial, conhecida por drip test, informa o Ministério Público Federal (MPF). No entanto, tal método só pode ser utilizado no caso dos frangos congelados inteiros. Todas as outras (com corte ou resfriadas, por exemplo) ficam descobertas. A lacuna foi confirmada pelos próprios técnicos do Ministério da Agricultura ao MPF.
No entanto, por meio da assessoria de imprensa, o Ministério da Agricultura informou que, em março do ano passado, foi instituído oficialmente o “Método Oficial para Determinação dos Parâmetros para Avaliação do Teor Total de Água Contida em Cortes de Aves”, por meio da instrução normativa número 8.
Antes de o tal método ser instituído, o procurador da República Pedro de Oliveira Machado procurou o professor e pesquisador da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu, Roberto de Oliveira Roça, para solicitar que ele desenvolvesse uma técnica para contemplar todos os tipos de carne. Finalizado, o estudo desenvolvido de forma gratuita, que permite a identificação de fraude nas diversas formas de comercialização, foi apresentado ao Ministério da Agricultura. Não foi aceito. Segundo o ministério, a metodologia sugerida pelo professor foi amplamente avaliada pelo corpo técnico do ministério. A conclusão é que o método mais adequado para os casos de fraudes em aves é o adotado pela União Europeia.
Se a veiculação de um novo método tivesse sido feita, a fiscalização também poderia ser procedida pelo Instituto de Pesos e Medidas (Ipem). Segundo informações obtidas junto ao instituto, eles aguardam a divulgação de uma metodologia, que estaria sendo elaborada em conjunto pelo Ministério da Agricultura e o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). Enquanto isso, resta ao Ipem checar o peso do frango congelado apenas descontando o peso da embalagem – valor informado pelas próprias empresas no saco plástico que envolve os frangos.
Técnicos do instituto reconhecem, no entanto, que recebem constantemente reclamações de consumidores insatisfeitos com o excesso de água nas carnes. Já no Procon, órgão de defesa do consumidor, não foram registradas em Bauru queixas da mesma natureza.
Fonte: Avicultura Industrial (acessado em 28/04/10)