A acupuntura veterinária tem grande destaque como uma das técnicas terapêuticas complementares ao tratamento alopático convencional. A milenar técnica de medicina chinesa, que consiste na inserção de finas agulhas em determinados pontos com a finalidade de equilibrar o organismo, existe há mais de quatro mil anos e também vem sendo aplicada no tratamento de animais. Mas a prática não se restringe apenas a cães e gatos. Qualquer espécie de animal pode ser beneficiada pelo tratamento.
Não há muita diferença entre o método usado em humanos e o voltado para os animais. Em geral, o acupunturista aplica agulhas bem finas ao longo do corpo do paciente, em pontos específicos. Com isso, promove estímulos sensitivos, hormonais e nervosos.
Para o professor-doutor da faculdade de medicina veterinária da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e vice-presidente da Abravet (Associação Brasileira de Acupuntura Veterinária), Stelio Pacca Loureiro Luna, em certos casos, os resultados do método chinês podem ser superiores aos de um tratamento convencional. “Paralisias, problemas de coluna ou neuromusculares, atrofia, diarreia, gastrite e algumas alterações reprodutivas, como infertilidade, são os principais exemplos”, afirma.
A terapia chinesa pode ajudar ainda no tratamento de animais que sofrem de alguma paralisia ou que sejam muito agressivos. O tratamento também é indicado para controlar dores, combater problemas dermatológicos e até convulsões.
Segundo a veterinária especializada no método Adriana Maria Battazza, as contraindicações são poucas. Se o animal estiver sem comer por vários dias ou passado por uma cirurgia recente, é melhor evitar a acupuntura. “Em geral, o bicho sente um desconforto apenas durante a aplicação das agulhas. Depois, não deve haver dor. A partir de três minutos de sessão, o corpo do paciente começa a liberar serotonina e endorfina, hormônios responsáveis por promover prazer, desinflamação e alívio da dor, relaxando-o”.
Nergal, um gatinho adotado pelo diretor de arte Felipe Tofani, 29 anos, deslocou e fraturou a bacia. Para resolver o problema do pet, que já não consegue tocar uma das patas no chão por conta da dor, Tofani recorreu à acupuntura e à fisioterapia. Segundo o proprietário, o bicho tem se sentido melhor.
Adriana explica que, no Ocidente, a procura pelo método oriental é maior quando o bicho sofre de problemas locomotores ou de coluna, como hérnia de disco, artrose, luxação e outros males nas articulações. Mas ela afirma que a acupuntura costuma ter bons resultados também contra doenças auto-imunes e problemas de pele.
Segundo Luna, quem resolve tratar o pet com acupuntura deve ficar atento. “É importante saber se o profissional conhece suficientemente bem a anatomia do animal. Caso contrário, ele poderá causar uma lesão de nervo ou uma perfuração em algum órgão durante a sessão. Em tese, qualquer pessoa pode aplicar acupuntura, mas um veterinário devidamente qualificado possuirá competência maior para realizar o tratamento”.
Se o acupunturista não souber diagnosticar corretamente o distúrbio, o risco de o estado de saúde do paciente se agravar será maior, alerta Luna. O risco de morte também crescerá. Para proteger seu bichinho, a dica é procurar locais onde o tratamento é realizado com a supervisão de uma universidade. Em geral, elas costumam oferecer o serviço gratuitamente ou a baixos custos.
Na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp de Botucatu, no interior de São Paulo, o ambulatório funciona às sextas-feiras, a partir das 13h. É cobrada uma taxa simbólica de R$ 5.
Fonte: R7 (acessado em 15/10/10)