A Câmara Setorial da Carne Bovina da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo realiza nesta sexta-feira (10) uma reunião para discutir os possíveis reflexos econômicos e sociais na cadeia produtiva da carne.

A Proposta de Deliberação do Conselho de Meio Ambiente está entre os principais assuntos da reunião. A análise da medida será feita pelo pesquisador Luiz Eduardo dos Santos, do Instituto de Zootecnia.

“A deliberação, que em sua proposta básica é válida, pois envolve a preocupação com a preservação ambiental, apresenta, porém, alguns pontos problemáticos. Um dos principais é que em sua elaboração foram levados em conta somente os aspectos ambientais, sem serem considerados os possíveis reflexos econômicos e, principalmente, os sociais dela decorrentes”, alerta Santos.

Essa proposta é decorrente da necessidade de se cumprir uma deliberação prevista no artigo 8º da Convenção Internacional sobre Diversidade Biológica, da qual o Brasil é signatário. A deliberação determina aos países participantes a adoção de medidas preventivas e medidas de erradicação e controle de espécies exóticas invasoras.

”A publicação de listas anexas contendo uma relação de espécies exóticas previamente classificadas como de elevado potencial de bioinvasão e com recomendações de limitações de uso, transporte, criação e disseminação pode trazer sérios transtornos e mesmo inviabilizar atividades agropecuárias de importância significativa”, adverte Santos.

Na Proposta de Deliberação estão incluídas espécies indissociavelmente relacionadas a atividades estratégicas e para as quais não há alternativa viável senão as espécies exóticas já em uso por muitos anos. Santos cita o caso das espécies do gênero Brachiaria, largamente disseminadas no País e que são a base da produção nacional de carne bovina.

Outra espécie incluída é a Apis mellifera, abelha fundamental para a viabilidade socioeconômica de pequenas e médias propriedades rurais que têm na apicultura sua principal fonte de receitas. “Essa inclusão, porém, poderá limitar a comercialização do mel e produtos como pólen, própolis e geléia real não só no mercado interno, mas principalmente no mercado externo”, afirma o pesquisador.

Ele lembra que a apicultura no Brasil hoje é totalmente baseada na exploração de uma abelha híbrida das espécies européias, com a abelha africana, resultando em inseto tipicamente exótico e reconhecidamente bioinvasor. Essa abelha é mais produtiva e rústica e exerce importante função polinizadora, da qual dependem inúmeras culturas comerciais como café, citrus, frutíferas de clima temperado e inúmeras essências nativas.

A Câmara Setorial da Carne Bovina vai discutir ainda o panorama da pecuária, as pesquisas em gado de corte, o custo de reposição, a previsão de confinamento para 2011 e exportação, o estudo de incidência de brucelose, a prevalência da tuberculose bovina e bubalina, e o cenário atual da febre aftosa.

Fonte: Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (acessado em 09/12/10)