Pequenas, silenciosas e limpinhas, as chinchilas parecem ser o bicho de estimação perfeito para quem vive em grandes centros urbanos. Mas cuidar desse roedor não é tão simples quanto parece. “Para começar, é um animal de hábitos noturnos, o que prejudica um pouco a interação com seu dono”, diz a veterinária e professora da disciplina de Animais de Laboratório do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo (USP), Nivea Lopes de Souza.
Outra cautela, segundo Nivea, é evitar manter, na mesma casa, cães e gatos, por exemplo. “Eles são predadores dos roedores. Além disso, essa convivência pode estressar a chinchila, que é muito sensível”.
Ter mais de um exemplar da mesma espécie, contudo, pode ser uma boa ideia. “Ter um casal é ótimo. Se o dono preferir, pode até castrar a fêmea”, afirma o especialista em animais silvestres e médico veterinário do Hospital Veterinário de Cães e Gatos de Osasco, Maurício Duarte.
Foi essa a opção do estudante de veterinária Rodrigo Ian Teixeira Branco, 22 anos, que adquiriu as chinchilas, recém-nascidas, há cerca de sete anos. A fêmea, que chegou a ter um filhote, acabou morrendo. Hoje, Fulano e Gordinho, pai e filho, vivem numa gaiola de três andares instalada no hall de entrada de sua casa. “Primeiro, ficaram no meu quarto. Mas faziam muito barulho à noite e eu não conseguia dormir”, conta. “É claro que dá um pouco de trabalho, mas são bichinhos bem divertidos.”
O trabalho inclui dar banhos secos, pois nenhum roedor deve ser molhado. “Se estiver muito calor, podem ser até dois banhos por dia”, diz Maurício Duarte. A razão para esse cuidado está na própria origem da chinchila. Nativa da região das Cordilheiras, ela já nasce muito peluda. Os pelos, extremamente finos, demoram a secar. Com o corpo molhado, o animal pode contrair doenças graves.
O cardápio desse roedor, à base de rações específicas, também pede alfafa. “Não há quantidade. Deixe na gaiola para que a chinchila se sirva à vontade”, diz Duarte.
As gaiolas são o ambiente ideal para a chinchila. Se for criada solta, ela roi tudo o que estiver pela frente, como móveis, fios e tomadas. Escadinhas e esteiras ajudam o animal a treinar outra de suas habilidades características: o salto. “Elas têm patinhas como as de um canguru, por isso pulam muito o tempo todo”, diz o veterinário.
Duarte sugere ainda colocar uma toca de madeira na gaiola. “Assim, a chinchila pode dormir de dia e roê-la à noite. Se não tiver o que roer, seus dentes crescem muito”, diz. “A casinha pode até durar pouco, mas o dono vai economizar o dinheiro que gastaria com um dentista veterinário.”
Fonte: A Tribuna (acessado em 16/12/10)