Câncer contagioso usa DNA do hospedeiro para consertar mutações

Cientistas do Imperial College de Londres descobriram que uma forma peculiar de câncer contagioso encontrado em cães, lobos e coiotes pode consertar sozinha suas mutações genéticas adotando genes do animal hospedeiro. A descoberta pode ajudar a impedir a propagação de doenças semelhantes em outros animais e a compreender a progressão do câncer entre espécies. O estudo foi apresentado na última edição da revista Science.

O Tumor Venéreo Transmissível Canino (TVTC) é uma forma muito pouco comum de câncer e é sexualmente transmissível, embora também possa se espalhar por lambidas ou mordidas na área afetada pelo tumor. As próprias células cancerosas passam de cão para cão, agindo como um parasita em cada animal infectado. Encontrado na maior parte das raças do mundo, os cientistas acreditam que o CTVT seja muito similar ao câncer observado nos demônios da Tasmânia.

No estudo, os pesquisadores britânicos revelaram o processo pouco comum que ajuda a célula cancerosa a sobreviver roubando pequenas “fábricas de energia” cheias de DNA das células dos animais infectados: as mitocôndrias. Elas então incorporam as mitocôndrias como se fossem suas próprias. A equipe de cientistas acredita que isso acontece por que os genes nas mitocôndrias do tumor têm a tendência a sofrer mutações.

Os resultados são surpreendentes, pois as mitocôndrias e seus genes normalmente só são passadas de mãe para filho. Essa foi a primeira vez que a transferência mitocondrial entre células distintas foi observada na natureza.

Inicialmente o objetivo da pesquisa era entender como os cânceres encontrados em diferentes partes do mundo estão relacionados entre si, usando análise de DNA. No entanto, a equipe descobriu que o DNA do núcleo das células era diferente do DNA mitocondrial. Eles notaram que havia mais proximidade dos cânceres com os cães que com os outros cânceres. Foi esse dado que indicou o processo de adoção de mitocôndrias.

Os pesquisadores acreditam que o processo somente ocorra caso a célula cancerosa precise reparar suas próprias mitocôndrias. Uma alta taxa de mutações genéticas leva a mitocôndrias não-funcionais nas células do TVTC, o que provoca uma perda de produtividade.

Em um estudo anterior os pesquisadores determinaram que o TVTC mais antigo surgiu em um cão ou lobo há dez mil anos.

Fonte: O Estado de São Paulo (acessado em 21/01/11)

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