A bovinocultura de corte tem destaque especial no mercado brasileiro de carnes. Atualmente, o Brasil é o maior produtor e exportador mundial de carne bovina, fazendo dessa atividade agropecuária uma das mais relevantes atividades econômicas no País. Com isso a pesquisadora do Instituto de Zootecnia Claudia Cristina Paro de Paz iniciou um projeto que tem por objetivo estudar e propor índices de seleção econômicos para o melhoramento de bovinos da raça Nelore.
Para o maior desempenho produtivo brasileiro, programas de avaliação genética são fundamentais para a cadeia produtiva de carne. O alto consumo de carne bovina justifica a importância da atividade, uma vez que essa fonte de proteína animal é uma das mais ricas e necessárias para o organismo humano.
De acordo com a pesquisadora, são várias as características de importância econômica que podem ser utilizadas no processo de avaliação genética, tais como características produtivas, reprodutivas e de qualidade de carcaça. Pretende-se estudar quais características irão compor o índice, considerando, a priori: peso corporal ao nascer, aos 120 dias de idade, ao desmame, aos 365 ou 450 dias de idade e na idade adulta; idade ao primeiro parto; período de gestação; qualidade de carcaça, que será indicada por área de olho de lombo, espessura de gordura subcutânea ou espessura de gordura subcutânea da garupa e produtividade acumulada. Considerar várias características no processo de seleção pode causar menor ganho genético para cada uma, principalmente se não houver associação genética entre elas, ou ainda, se essa associação for desfavorável.
Considerando todo o panorama da pecuária de corte observado, há a alternativa de propor um índice de seleção que possa ponderar todas as características relevantes, para que, dessa forma, a seleção seja realizada de forma eficiente. Um dos motivos de se trabalhar com o índice é a composição de sua estrutura, que leva em conta um ponderador para cada característica considerada. O ponderador é calculado considerando a relevância da característica no processo de seleção, o seu valor econômico, a herdabilidade e as associações genéticas dessa característica com as demais. A dificuldade de se propor um índice de seleção é estimar os ponderadores econômicos.
A base genético-econômica para a seleção de várias características simultaneamente foi desenvolvida por Hazel em 1943. O autor considerou que o valor econômico relativo de cada característica depende da quantidade de aumento no lucro que pode ser esperada para cada unidade de melhoramento na característica. Dessa forma, o conceito de objetivo de seleção foi introduzido sendo definido como uma função linear dos valores genéticos ponderados pelos respectivos valores econômicos de cada característica. Nesta estrutura, os fatores de ponderação que representam o desejo econômico das mudanças nos critérios de seleção do rebanho são combinados com fatores de ponderação genéticos, representando o quanto as práticas de seleção podem causar melhorias em cada característica.
Para a determinação dos valores econômicos, faz-se necessária a tradução do objetivo de seleção para uma linguagem matemática. Além da importância para o melhoramento genético, as funções de rentabilidade são muito úteis ao planejamento do produtor, evidenciando pontos de estrangulamento da atividade e indicando em qual ele deve focar sua atenção e auxiliando a tomada de decisões de descarte. Há duas principais perspectivas em que a rentabilidade vem sendo abordada na literatura: lucro e eficiência.
A maior dificuldade apresentada pela abordagem baseada na eficiência econômica mesmo na ausência de melhoramento genético, é que esta pode ser alterada devido às variações tanto no valor unitário da receita como da despesa.
Fonte: Instituto de Zootecnia (acessado em 01/02/11)