Monitor cerebral mede pressão intracraniana sem perfurar a cabeça

O professor e coordenador do Instituto de Estudos Avançados de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP), Sérgio Mascarenhas, costuma dizer que a hidrocefalia de pressão normal, doença rara e de difícil diagnóstico que sofreu há cerca de seis anos deixou de ser “maldita” e se tornou “bendita”. Inconformado, na época em que recebeu o diagnóstico, com o fato de que a medicina moderna ainda tivesse que perfurar o crânio das pessoas com a doença para medir a pressão intracraniana, Mascarenhas desenvolveu um método simples e minimamente invasivo para medir a pressão interna do cérebro de pacientes com hidrocefalia e traumatismo craniano. As informações são da Agência Fapesp.

Composto por um chip, colocado externamente à cabeça do paciente por meio de uma pequena incisão, e um monitor externo, responsável por receber e registrar as informações sobre a deformação óssea do crânio, que é proporcional à pressão interna do cérebro, o método recebeu apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para ser difundido no Brasil e em toda a América Latina.

”A ideia do Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos, é que o método seja utilizado no Brasil nas ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), para que se possa avaliar o estado da pressão intracraniana de vítimas de acidentes de trânsito e obter um diagnóstico de urgência”, disse Mascarenhas à Agência Fapesp.

Em 2009, por meio do projeto intitulado “Desenvolvimento de um equipamento para monitoramento minimamente invasivo da pressão intracraniana”, o método, que foi tema do projeto de doutorado do pesquisador Gustavo Henrique Frigieri Vilela, começou a ser testado em pacientes com traumatismo cerebral internados no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto. Posteriormente, passou a ser testado para diversas outras aplicações, como no diagnóstico e acompanhamento de pacientes com acidente vascular cerebral (AVC).

“Com o método, é possível que os profissionais de saúde acompanhem os impactos neurológicos de um AVC e tomem providências no prazo de duas horas, crucial para salvar ou diminuir as sequelas nos pacientes”, explicou o professor.

O dispositivo também está sendo estudado no acompanhamento de pacientes com tumor cerebral, que aumenta o volume interno do cérebro e a pressão intracraniana, e no diagnóstico de morte encefálica, quando desaparece a pressão intracraniana. Outras possíveis aplicações do equipamento são em farmacologia, para medir os efeitos de drogas que atuam sobre desequilíbrios químicos do cérebro que alteram a pressão intracraniana, como a enxaqueca, e em medicina veterinária, para medir a pressão intracraniana de animais de grande porte, como bois e porcos, para avaliar a presença de encefalite, que aumenta o encéfalo e a pressão intracraniana.

Mas, de acordo com o pesquisador, os maiores avanços na aplicação do método foram obtidos no diagnóstico e acompanhamento de traumatismos cranianos e de epilepsia. “Pela primeira vez, foi possível ver o que ocorre com a pressão intracraniana de um paciente epilético durante uma convulsão. Não se pode perfurar a cabeça do paciente para observar isso”, afirmou Mascarenhas.

Patente internacional

O sistema foi patenteado no Brasil. Agora, o objetivo do pesquisador é registrá-lo na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) e depositar uma patente mundial, para evitar que seja copiado. Paralelamente a esse processo de registro nos órgãos brasileiros e internacionais, o pesquisador pretende montar uma empresa, que deverá se chamar Brain Care, para começar a fabricar o equipamento em escala industrial e atender às demandas que estão surgindo, como a implementação nas ambulâncias do Samu.

Com isso, o método brasileiro deverá competir com sensores importados encontrados no mercado, implantados dentro do cérebro dos pacientes. “As vantagens do nosso método é que, além de o preço ser muito mais baixo, não é preciso ter todo o grau de proteção contra infecções que os métodos importados invasivos precisam. Dessa forma, será possível disponibilizá-lo para a população mais pobre, que não tem acesso a essa tecnologia”, diz Mascarenhas.

Fonte: Terra (acessado em 02/08/2011)

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