Bolsa de carnes está sem negócios desde janeiro

Criada para estimular a negociação de bovinos à vista na Bolsa Brasileira de Mercadoria (BBM), a Bolsa de Carnes não realiza negócios desde janeiro deste ano. Mesmo com a garantia de pagamento, já que o frigorífico é obrigado a depositar 90% do valor dos animais adquiridos na conta da BM&FBovespa antes do embarque dos exemplares, foram vendidos 568 animais por R$ 643,8 mil no primeiro mês deste ano.

Somado o bom desempenho em dezembro de 2010, quando 221 animais foram comercializados, chega-se ao total de 789 cabeças, com uma receita de R$ 901,9 mil. O volume superou em 26,8% os 622 animais vendidos entre abril e agosto de 2010. A receita foi 38% maior que o resultado obtido naquele período.

Mas, ao invés de sugerir uma tendência, a soma dos resultados de janeiro e fevereiro revelou uma situação atípica. De acordo com a BBM, um frigorífico de Mato Grosso conseguiu recursos com o Banco do Brasil por meio de linha de crédito criada exclusivamente para financiar a compra de gado à vista pelo sistema da BBM e fez a maior aquisição realizada até agora por uma única indústria no leilão eletrônico de carne bovina.

Desde que o leilão foi criado, em abril de 2010, foram negociadas 1.411 cabeças pelo sistema. Os leilões de compra e venda de animais ocorrem em três modalidades: balcão à vista e a termo ou pregão eletrônico. “O pecuarista, apesar de estar mais consciente da necessidade da tecnologia em insumos agrícolas, maquinário e adubação, ainda não está acostumado a utilizar meios tecnológicos para vender o boi”, afirma o presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Manoel Caixeta Haun.

Para o gerente de operações de mercados físicos agropecuários da BBM, Cesar Henrique Bernardes Costa, a questão é realmente cultural. “Só vamos desbloquear esse sistema com o tempo, explicando as suas vantagens aos pecuaristas.”

Costa afirma que a prática de negociações por telefone ainda não foi absorvida pelos pecuaristas. Haun acrescenta que o acesso à internet ainda não está disponível na maioria das fazendas do Estado. “Muitos pecuaristas sequer têm acesso à telefonia, fixa ou móvel, o que dificulta a convivência com as novas tecnologias”, diz.

Para apoiar as transações eletrônicas, a Faeg criou a Central do Boi, um espaço onde o pecuarista recebe orientação sobre o sistema eletrônico e pode acessar internet ou negociar seus animais por telefone. A iniciativa também foi adotada pela Federação da Agricultutura de Mato Grosso do Sul (Famasul) e pela Federação da Agricultutura de Mato Grosso (Famato). “É uma garantia de venda que não está sendo utilizada por falta de conhecimento mais profundo e de acesso às tecnologias e também, principalmente, por falta de interesse do frigorífico”, aponta Haun.

Mesmo há seis meses sem negociação, as perspectivas são as melhores possíveis, diz Costa. A valorização da cotação da arroba, observada desde o ano passado, é apontada pelo gerente da BBM como aspecto favorável nas negociações entre o produtor e a indústria. “A negociação na Bolsa ajuda aos dois lados: pode garantir escalas de abate e os pecuaristas têm a certeza de realizar o melhor negócio com a garantia do recebimento”, afirma.

Haun ainda pondera que o período de janeiro a julho não é época de grande desova de boi. Segundo ele, em Goiás, o gado confinado em maio começa a chegar ao mercado agora. “A desova de animais confinados no Estado pode chegar a um milhão de cabeças entre julho e setembro, o que significa que pode haver negociação na BBM”, aponta.

“Mudamos um costume de 60 anos, que era vender o boi a prazo para 30 dias. No ano passado conseguimos convencer o produtor a vender o gado à vista. Vamos insistir na venda através da bolsa até que o resultado seja positivo”, afirma Haun.

Para o pecuarista, a expectativa de é de que o setor comece a utilizar o sistema eletrônico com mais confiança nos próximos três anos.

Fonte: Portal DBO (acessado em 03/08/2011)

Relacionadas

_Forum_Longevidade (46)
24.09.2024_Instituto_Pasteur_convida_para_Semana_de Mobilizacao_Contra_a_Raiva_Acervo_CRMV-SP
Mesa com toalha branca contendo 3 placas de homenagem e flores.
Ema sorri para foto

Mais Lidas

Diagnóstico por imagem é uma das especialidades reconhecidas pelo CFMV
Crédito: Acervo CRMV-SP
Notebook com a tela inicial da Solução Integrada de Gestão do CRMV-SP (SIG CRMV-SP)
Responsável técnico é a figura central que responde ética, legal e tecnicamente pelos atos profissionais da empresa
Crédito: Freepik
Em São Paulo, a primeira instituição destinada ao ensino da Veterinária teve origem no Instituto de Veterinária, nas dependências do Instituto Butantan, no ano de 1919 Crédito da foto: Acervo Histórico/FMVZ-USP

Contato

(11) 5908 4799

Sede CRMV-SP 

Endereço: Rua Apeninos, 1.088 – Paraíso – CEP: 04104-021
Cidade: São Paulo

Newsletter

Todos os direitos reservados ao Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo – CNPJ: 50.052.885/0001-40