A mastite bovina é um dos principais problemas que afetam as vacas leiteiras. No entanto, os remédios que costumam ser utilizados podem prejudicar ainda mais a saúde dos animais, podendo até mesmo provocar a morte deles. Apresentada na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a dissertação “Atividade Antimicrobiana de Barbatimão (Strephnodendron adstringens) Martius-Coville em Agentes Causadores da Mastite” traz o barbatimão como alternativa para o tratamento da mastite sem prejudicar os animais e sem agredir o meio ambiente, pois sua extração é totalmente sustentável. Segundo mestrando em Ciências Agrárias da UFMG e autor da dissertação, Diego Bardal, o barbatimão é uma planta nativa do Cerrado que possui substâncias chamadas taninos, uma das classes de metabólitos secundários dos vegetais.
Os taninos podem ser condensados ou hidrolisados. Eles possuem várias propriedades, mas as três principais são antioxidantes, quelantes de metais e complexação de macromoléculas, principalmente proteínas e polissacarídeos. Essas duas últimas permitem que os taninos atuem farmacologicamente como antimicrobianos frente a alguns microorganismos, entre eles os que causam a mastite bovina. “Na pesquisa, testamos os dois principais: a Escherichia coli e o Staphylococcus aureus”, conta o mestrando.
Para ele, são vários os benefícios da planta. Como ela é nativa do Cerrado, onde se costuma ter menor renda, essa terapia tem caráter sustentável. O próprio meio ambiente fornece o vegetal e, como a prática é extrativa ou até de cultivo, ou seja, não é preciso matar a espécie, ele pode servir de fonte recorrente para o produtor.
“Como o tratamento fitoterápico é retirado da planta, as chances de reações adversas aos medicamentos e as chances de que esse medicamento se acumule como resíduo e chegue à mesa dos consumidores são reduzidas, em comparação com os antimicrobianos sintéticos hoje utilizados. Caso fosse produzido um medicamento à base dessa matéria-prima, provavelmente seria um medicamento de menor custo também”, explica Bardal.
De acordo com ele, hoje o tratamento da mastite bovina é geralmente realizado por antimicrobianos sintéticos. O antimicrobiano sintético é utilizado indiscriminadamente desde a década de 1970 e causou a seleção de microorganismos resistentes. Por isso, atualmente há uma superpopulação de bactérias resistentes, o que faz com que esses antimicrobianos não sejam mais efetivos na cura da mastite. Outras formas de combate são procuradas, como os fitoterápicos, que não causam reações de hipersensibilidade no animal e diminuem os índices de descarte.
A dissertação foi a primeira etapa. A ideia é prosseguir com o trabalho e desenvolver uma formulação farmacêutica para aplicação nos bovinos. “Hoje, com os resultados obtidos, é possível fazer apenas um desinfetante para o teto da vaca, para pré e pós dippings nas ordenhas. Porém, trabalhando a fórmula farmacêutica, será possível desenvolver fórmulas intramamárias, um gel para massagem dos tetos e até mesmo fórmulas como sólidos orais”, afirma.
Fonte: Mídia News (acessado em 23/08/2011)