O presidente do frigorífico Minerva, Fernando Galletti de Queiroz, disse que o Brasil produzirá 50 milhões de bezerros até o final deste ano. Para 2012, haverá um crescimento de 3% a 4% desses animais. “No Brasil, estamos caminhando para o ponto de inflexão do ciclo da pecuária. Temos aumento de estoques de vacas e bezerros. Poucos países estão nesse processo de recomposição do rebanho. O criador brasileiro ainda está com boa produtividade”, disse o executivo em almoço com jornalistas.
Segundo ele, em um mundo de demanda crescente, o Brasil ocupará uma posição única no mundo como fornecedor de carne bovina, já que o que se observa é uma redução na produção da proteína nos principais concorrentes do País, principalmente os desenvolvidos.
“Na Europa, estão diminuindo os subsídios à produção. Nos Estados Unidos, temos o menor rebanho dos últimos 60 anos e o foco está no subsídio ao etanol e os produtores estão deixando a atividade pecuária para investir em etanol. Na Austrália, temos rebanho estável (flat) e não aumenta por falta de água. Na Argentina, problemas internos políticos prejudicam o setor”, explicou o executivo.
“Estamos no lugar certo para produzir proteínas”, completou. Ele também disse que 2012 será um período sem grandes “surpresas” no preço da arroba do boi. “Os contratos negociados na BM&FBovespa indicam preços 5% menores para o ano que vem”, declarou. Com relação à demanda, no mercado doméstico, é “bastante pujante, ainda mais com crescimento de renda da população.”
O Nordeste é uma região-foco da empresa para o ano que vem. No mercado externo, conforme Queiroz, a demanda por carne bovina continuará, principalmente em mercados em desenvolvimento. Sobre a China, o executivo disse que há um grande potencial de aumento de demanda. O consumo per capita na China é pouco, cerca de três quilos por ano.
“Mas fizemos uma conta: se cada chinês consumir pelo menos um hambúrguer a cada dois meses, há um aumento de um quilo no consumo per capita/ano. Vemos que a China cada vez mais está se direcionando para um consumo ocidentalizado”, declarou. Hoje, 8% do volume exportado da companhia são para Hong Kong e China continental. Se incluir países do Oriente Médio, Líbia, Tunísia, Argélia e Marrocos, que também estão mais flexíveis para exportações de proteínas, esse porcentual passa para 40%.
Rússia e Paraguai
Queiroz informou que sua unidade no Paraguai está operando normalmente, com produção destinada ao mercado interno, Brasil e Rússia. Para o Chile, grande mercado consumidor da carne paraguaia, a empresa está atendendo o país de unidades brasileiras.
“Essa é a beleza da diversificação geográfica”, ressaltou. Sobre o embargo russo a frigoríficos brasileiros, Queiroz se mostrou confiante na reversão da medida adotada pelo país. “Os técnicos estão visitando unidades brasileiras, inclusive algumas nossas. Só de estarem fazendo essas visitas, é um sinal de reversão do embargo e até novas habilitações de unidades em breve”, declarou.
Guerra fiscal em São Paulo
Assim como a JBS, o Minerva está aguardando uma posição do governo de São Paulo sobre as alíquotas de imposto para o setor no Estado para ainda neste ano. “A guerra fiscal é um problema nacional. Mas nosso setor em São Paulo é uma grande importadora de gado. É importante chegar a uma solução nesse assunto em um período curto”, disse Queiroz. O executivo explicou ainda que o sindicato da indústria está em conversas com o governo. O Minerva tem duas unidades de abate e uma de processamento no Estado.
Fonte: iG Economia (acessado em 06/12/2011)