O serviço Disque-Denúncia de São Paulo recebeu em novembro o maior número de ligações no ano sobre maus-tratos contra animais – foram 265. Pela primeira vez em 2011, esse tipo de crime foi o quarto mais denunciado ao serviço.
Os animais maltratados ficaram atrás de tráfico de drogas (5.325 denúncias), jogos ilegais (1.046) e maus-tratos contra crianças (467), mas foram mais denunciados que crimes como maus-tratos contra idosos, roubos e homicídios.
Para Andreia Baptista, do Instituto São Paulo Contra a Violência, responsável pelo Disque-Denúncia, a repercussão de histórias como a do rottweiler Lobo, que foi arrastado por um carro em Piracicaba, e de Titã, o cãozinho encontrado enterrado em Novo Horizonte, ajudam a aumentar o número de denúncias.
“A sociedade já vem denunciando, mas esses casos que apareceram deram um ‘boom’ maior”, diz.
Segundo o instituto, foram 2.205 denúncias recebidas em 2011 e 57 casos resolvidos. A ONG afirma que muitos casos são denunciados mais de uma vez e que, em alguns, as investigações ainda não terminaram. As denúncias recebidas pelo serviço são encaminhadas para a polícia.
Para o presidente da ONG de proteção aos animais Arca Brasil, Marco Ciampi, o maior número de denúncias mostra que a sociedade está sensível e cobrando por justiça. “Entendemos que as leis carecem de rigor”, diz.
Ciampi também destaca o papel das redes sociais na denúncia desses crimes. “Hoje, quando acontece algo lá no interior de Goiás, você tem acesso a isso pelos mecanismos de divulgação no mesmo momento nas grandes capitais, onde a formação de opinião é feita”, diz ele.
Além das crueldades contra animais, o Disque-Denúncia destaca o número de ligações recebidas sobre maus-tratos contra crianças e contra idosos, respectivamente em terceiro e quinto lugar entre as denúncias mais recebidas.
“Os três se referem à violência doméstica, que é subnotificada, pois, principalmente nos casos que envolvem crianças, a vítima muitas vezes não sabe que está sofrendo violência. Com as denúncias, a gente consegue chegar a problemas que estão dentro das casas das pessoas”, diz coordenadora de projetos do Instituto São Paulo Contra a Violência, Patrícia Nogueira.
Fonte: 180 graus (acessado em 19/12/2011)