O cenário para as próximas décadas para os agropecuaristas brasileiros é bom. Pelo menos é o que se pode deduzir do crescimento demográfico mundial e do desenvolvimento tecnológico e de gestão dos produtores nacionais. O mundo é carente de proteínas animais e, no Brasil, os investimentos na pecuária e na agricultura se aceleram. Os produtores têm aproveitado o trabalho da pesquisa colocada em prática por diferentes instituições, entre as quais se sobressai a Embrapa.
A FAO, organismo das Nações Unidas para a agricultura e o abastecimento, acaba de divulgar um documento interessante para a agropecuária verde-amarela. O informe “Pecuária mundial 2011: o rebanho e a segurança alimentar” prevê um aumento do consumo de carne próximo a 73% para 2050. O consumo de produtos lácteos crescerá 58%, tomando por base os níveis atuais.
O documento chama a atenção para o crescimento das grandes cidades em todo o mundo. O crescente consumo de alimentos faz parte das necessidades humanas e animais. A criação e a produção agrícola terão que caminhar juntas para satisfazerem a demanda internacional de comida.
O Brasil tem condições invejáveis para atender a esse crescente mercado de consumo de alimentos. Os pecuaristas patrícios já desenvolvem ações de criação intensiva de animais. Os confinamentos estão aí para responder aos desafios. No criatório tradicional, o pecuarista produz um boi com mais de quatro anos. No sistema confinado, o animal vai para o abate com dois anos.
As questões ambientais merecem atenção crescente por parte dos produtores. Teresópolis de Goiás, pequena comunidade goiana, viveu dias atrás uma experiência fantástica. Na Fazenda Engil, um grupo de cerca de 50 escolares iniciou o plantio de 8.170 mudas de plantas nativas em uma área de 10.500 metros quadrados. A área está localizada em uma das nascentes que abastece a cidade, o ribeirão João Leite.
Essa ação teve o propósito de neutralizar os gases emitidos pelo rebanho presente na 66ª Exposição Agropecuária de Goiás, realizada em maio, em Goiânia, pela Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA). Esse trabalho contou com o apoio do Consórcio Intermunicipal da APA do ribeirão João Leite, Sebrae, Emater, Seagro, Semarh, SGPA, Associação Pró-Águas e Prefeitura de Teresópolis de Goiás.
Goiás ocupa posição de vanguarda. As preocupações da FAO encontram guarida junto à agropecuária goiana. A instituição assinala em seu documento que a partir dos conhecimentos e da tecnologia de hoje, pode-se lograr três caminhos: reduzir o nível de contaminação gerado a partir dos resíduos e dos gases de efeito estufa, reduzir os insumos de água e cereais necessários para a produção de proteínas animais e reciclar os produtos agroindustriais secundários por meio das populações pecuárias.
O documento afirma que a única forma de satisfazer a demanda é aumentar a eficácia. Sugere, inclusive, a duplicação de criações de aves, 80% de pequenos ruminantes, 50% de bovinos e 40% de suínos com a mesma quantidade de recursos naturais utilizada atualmente. Há necessidade de novos investimentos.
A FAO é enfática quanto à sanidade animal, considerada pela entidade como decisiva. A seca em diferentes países, a escassez de água e as condições climáticas são desafios para a produção de alimentos em todo o mundo. A vacinação do rebanho contra as zoonoses é vital para evitar enfermidades e repercussões negativas. Nesse contexto, se enquadra também a questão ambiental, de crescente cobrança pelos mercados de consumo dos países ricos.
Fonte: BeefPoint (acessado em 20/12/2011)