Muitas pessoas tratam seus animais de estimação como verdadeiros filhos, deixando-os dormir na mesma cama, dar lambidas em sua boca e permanecer dentro do quarto, sala e cozinha durante todo o dia. O contato e carinho por animais são saudáveis, no entanto, o convívio exige cuidados especiais com a higiene. Mesmo quem esteja envolvido com animais de grande porte ou quem pratica hipismo, por exemplo, está sujeito a adquirir doenças de consequências graves.
A doença de Lyme é uma das que podem ser transmitidas pelos carrapatos alojados nos animais e, se não tratada, pode levar o paciente à inatividade. A especialista em Medicina Biológica da Academia Brasileira de Medicina Maria Emilia Gadelha Serra conta que tratou um caso emblemático de uma criança de 12 anos que sofria de enxaqueca desde os seis anos e, com o passar dos anos, perdeu a memória, parou de andar e teve sua idade mental regredida para um ano e meio, além de apresentar surtos psicóticos. Quando o caso chegou às suas mãos, a especialista diagnosticou a doença de Lyme, iniciando o tratamento com a limpeza da flora intestinal que, para a surpresa da família, apresentou resultado quase imediato: a criança voltou ao estado normal em uma semana.
A doença de Lyme é uma infecção causada pela bactéria Borrelia burgdorferi, transmitida pelo carrapato. O parasita fabrica uma neurotoxina que afeta vários órgãos, como o sistema nervoso, a pele, o coração e as articulações. Os primeiros sintomas podem ser manchas vermelhas na pele, dor de cabeça e febre.
Além dessa, outras enfermidades podem ser contraídas por meio do contato ou picada dos carrapatos como a erliquiose canina, que afeta a visão e pode ocorrer tanto nos animais quanto nos seres humanos, e a toxoplasmose, transmitida principalmente pelos gatos, hospedeiros do protozoário Toxoplasma gondii.
Segundo Maria Emilia, para prevenir algumas doenças é fundamental verificar se o animal possui carrapatos e combater a infestação. “É muito importante que os pais fiquem atentos às crianças, desde as que possuem animais de estimação até as que vivem ou foram passear em fazendas ou que praticam hipismo. O carrapato pode estar na criança e ninguém perceber. É preciso revisá-la todos os dias”, alerta.
Segundo a especialista, as crianças estão mais sujeitas à doenças do animal porque o sistema imunológico não está totalmente desenvolvido, ao contrário dos adultos, que possuem mais mecanismos de defesa.
Atitudes como beijar os animais facilitam a contaminação por vírus e bactérias. Além disso, o animal de estimação deve ter seu espaço fora da casa, já que o pelo é nocivo à saúde e pode provocar reações alérgicas e doenças respiratórias. Quem mora em apartamento pode acomodar o pet na área de serviço.
Outra dica essencial é sempre contar com o monitoramento periódico de um veterinário e seguir à risca as indicações, aplicando as vacinas e medicamentos estabelecidos e mantendo o animal limpo com banhos regulares.
Maria Emilia lembra ainda que uma boa higiene é primordial para o combate de doenças. Isso inclui também o hábito de lavar as mãos após o contato com qualquer animal.
Fonte: Jornal de Araraquara (acessado em 09/01/2012)