Uma equipe de pesquisadores brasileiros descobriu uma nova espécie de felino, que vive no Sul e Sudeste do país. O Leopardus guttulus, um tipo de gato-do-mato, tem o tamanho de um gato doméstico pequeno, pelagem com manchas semelhantes às de uma onça-pintada e pesa entre dois e três quilos. Em um estudo publicado, na quarta-feira (11), no periódico Current Biology, os cientistas relatam também dois casos de cruzamento entre espécies diferentes de felinos brasileiros.
O pesquisador do Laboratório de Biologia Genômica e Molecular da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Eduardo Eizirik, e sua equipe da área de genética evolutiva de felinos estudam animais de pequeno porte da América do Sul, desde os anos 1990. Um dos objetos de pesquisa era o gato-do-mato (Leopardus tigrinus), relativamente comum do Sul ao Nordeste do Brasil.
Estudos anteriores concentravam-se nos animais que viviam na região de Mata Atlântica. A equipe de Eizirik foi a primeira a colher e analisar a amostra genética do Leopardus tigrinus do Nordeste. Ao comparar o material genético de gatos-do-mato das duas regiões, os pesquisadores descobriram que, na verdade, eram duas espécies distintas.
Em virtude de regras taxonômicas, o nome já utilizado, L. tigrinus, ficou com os animais do Nordeste, enquanto os do Sul receberam o nome científico L. guttulus. A nova espécie é, portanto, aquela mais conhecida pelos pesquisadores, enquanto pouco se sabe sobre os gatos-do-mato do Nordeste.
A descoberta de um novo felino é um fenômeno raro. A última vez ocorreu em 2006, quando o leopardo-nebuloso, encontrado nas ilhas de Bornéu (Indonésia, Malásia e Brunei) e Sumatra (Indonésia), foi identificado como uma espécie. “Ao longo do século XX, praticamente nenhuma das espécies atualmente reconhecidas de felinos foi descrita”, explicou Eizirik, em entrevista ao site de VEJA.
Fonte: Portal da Veja