Pânico de fogos de artifícios expõe pets a estresse e riscos

Humanização dos animais pode potencializar transtornos de comportamento

Uma das coisas mais esperadas na celebração da passagem de ano é a queima de fogos, entretanto, enquanto as pessoas se encantam e comemoram, os animais sofrem com o barulho dos fogos de artifício. Os tutores precisam adotar medidas que amenizem o estresse dos pets e, em casos mais severos, buscar tratamento médico-veterinário.

De acordo com o presidente da Comissão Técnica de Homeopatia Veterinária do CRMV-SP, Prof. Dr. Fábio Fernando R. Manhoso, é preciso esclarecer que, pela fisiologia dos cães e gatos, é esperado que eles se assustem com os ruídos, uma vez que possuem a audição mais aguçada que a do ser humano. “Porém, alguns desenvolvem quadros que configuram pânico, ou seja, que vão além do medo considerado ‘natural’, desencadeando transtornos comportamentais.”

O problema pode expor os animais a altos níveis de estresse, com manifestações como excesso de agitação ou acuamento. Em ambos os casos há riscos de fugas e de acidentes, desde quedas de escadas, varandas ou janelas, até sufocamento em locais de onde o pet pode não conseguir sair ou ficou preso em guias e coleiras.

Segundo o presidente da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais do CRMV-SP, médico-veterinário Rodrigo Mainardi, o quadro de pânico é mais frequente entre cães.

“Os gatos são mais independentes e, com isso, acabam sofrendo menos influência da ansiedade e da preocupação dos donos, além de procurarem naturalmente áreas da casa com maior isolamento sonoro”, diz o médico-veterinário.

O argumento está atrelado à evidência de que os excessos trazidos pela humanização – que pode ser entendida como um tratamento que interfere negativamente nas necessidades comportamentais das espécies – potencializam o medo e as alterações de comportamento. “Se o animal sente que o dono está incomodado com a situação e o abraça e o protege excessivamente, a probabilidade dele entender que há algo errado e permanecer no quadro de pânico é muito maior.”

A sugestão de Mainardi é que os tutores ofereçam um ambiente aconchegante em que o pet se sinta confortável e seguro. Esse espaço deve ser providenciado com antecedência, a fim de que o pet se familiarize com o local.

Também é uma estratégia indicada colocar vídeos com sons de fogos em períodos nos quais a rotina da casa esteja calma, dias antes das festas. “Nesse momento, convide-o para brincar ou comer um petisco que ele gosta para deixá-lo à vontade e tirar o foco do som. Assim a sensibilidade do cão ou gato pode diminuir”, ressalta Mainardi.

Cuidados nos dias das queimas de fogos

O presidente da Comissão Técnica de Clínico de Pequenos Animais do CRMV-SP, Med. Vet. Rodrigo Mainardi, lista algumas dicas que podem ser adotadas no dia em que ocorrem as queimas de fogos. Confira quais são:

– Durante o dia, antes da queima dos fogos, saia com o cão para passear e estimular brincadeiras para gastar energia;

– Deixe o pet dentro de casa, com portas e janelas fechadas. Isso ajuda a isolar o local dos ruídos e também evita o risco de fuga do animal;

– É importante que o local em que o pet permanece não dê acesso a varandas, pois o desespero faz com que o animal salte – principalmente no caso de gatos. Caso você tenha um pássaro, a gaiola deve ficar em um local no qual o som seja abafado;

– Procure deixar no espaço tudo que o animal gosta, como cama, cobertas e brinquedos, além de caixas de transporte para que eles possam se refugiar nos momentos de medo;

– Coloque algodão nos ouvidos do pet – desde que não cause irritabilidade, o que piora ainda mais o estresse do animal;

– Não use guias. Eles podem ficar nervosos, correr e se enrolar, elevando o risco de enforcamento acidental. As coleiras devem ser mantidas inclusive com identificação do nome animal e telefone para contato;

– Caso esteja habituado a ouvir sempre TV, rádio ou outros, deixe ligado no ambiente com o volume alto, pois isso ajuda a disfarçar o som dos fogos e a fazer com que o animal sinta familiaridade e acolhimento;

– Cachorros e gatos não devem ser postos juntos nesses momentos, pois podem se atacar, mutuamente;

– Transmita tranqüilidade e aja naturalmente.

Tratamentos

Em casos mais graves de pânico, porém, é preciso buscar uma avaliação de um médico-veterinário para o uso de medicamentos controlados. A escolha da substância, bem como a dose a ser administrada, vão depender da raça, porte, contexto de saúde do pet, entre outros fatores. “É fundamental que os tutores nunca mediquem por conta própria. Isso põe em risco a saúde dos animais”, diz o presidente da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais do CRMV-SP, médico-veterinário Rodrigo Mainardi.

Os medicamentos homeopáticos são bastante indicados para casos de transtornos de comportamentos, uma vez que a homeopatia visa o equilíbrio orgânico, funcional e mental do animal.
No entanto, para que os resultados sejam alcançados, o tratamento deve começar bem antes dos dias em que ocorrerão os fogos. Da mesma forma que ocorre com os alopáticos, precisam de prescrição médica-veterinária.

“As receitas são individualizadas. Por isso, a prescrição feita para o seu cão não pode ser repassada para o cachorro do seu amigo ou parente e vice-versa. É indispensável consultar um profissional”, frisa o presidente da Comissão Técnica de Homeopatia Veterinária do CRMV-SP, Prof. Dr. Fábio Fernando R. Manhoso.

Texto: Assessoria de Comunicação do CRMV-SP.

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