Entre os pratos comuns nas festas de fim de ano há itens tóxicos e de difícil digestão pelos pets
Com a mesa repleta de receitas típicas desta época do ano, não é de surpreender que os aromas atraiam focinhos e, com isso, despertem os conhecidos “olhares pidões” dos pets. Entre os tutores o primeiro impulso é o de oferecer um pedacinho aqui e uma porçãozinha acolá. Mas esses mimos são contraindicados pelos médicos-veterinários. Isso porque nas ceias há alimentos tóxicos e outros de difícil digestão pelos cães e gatos.
É o que explica o presidente da Comissão Técnica de Nutrição Animal do CRMV-SP, méd.-vet. Yves Miceli de Carvalho. “Nossas receitas têm muitos temperos e essa condimentação pode fazer mal ao animal, provocando, por exemplo, diarreia e vômito.”
Presidente da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais do CRMV-SP, o méd.-vet. Rodrigo Mainardi argumenta que se até mesmo por nós, humanos, as comidas das festas de final de ano precisam ser ingeridas com moderação para evitar má digestão e outros problemas, com os pets é preciso muito mais cautela. “Para os animais, que comem ração todos os dias, sair dessa rotina alimentar é bastante delicado para a saúde.”
Carvalho comenta que isso vale para as carnes, embora os tutores acreditem que elas são apropriadas para alimentar seus pets. “Além dos condimentos, os ossos são um agravante, especialmente os de aves que, quando passam por cozimentos, quebram-se com mais facilidade e, uma vez ingeridos pelos animais, podem perfurar órgãos”, ressalta.
Restrições entre os vegetais
Ao receber essa informação, você deve estar pensando que as frutas e os legumes estão liberados à vontade. Entretanto, não é bem assim.
De acordo com o presidente da Comissão Técnica de Nutrição Animal do CRMV-SP, méd.-vet. Yves Miceli de Carvalho, de maneira geral os vegetais não são bem digeridos pelos pets. “Esses alimentos concentram muitos açúcares que o animal não tem a mesma capacidade do ser humano para digerir, especialmente os gatos, por serem carnívoros.”
No que diz respeito aos legumes, não são estritamente proibidos. A orientação de Carvalho é evitar oferecê-los. Mas, se for servi-los, que seja uma pequena porção de cozidos sem tempero. As frituras são contraindicadas, por causa do alto teor de gordura.
“O cozimento ajuda a quebrar as partículas que o sistema digestório do animal tem dificuldade em romper”, diz o médico-veterinário. Ele lembra a importância de não acrescentar alho e cebola – principalmente se forem crus, pois ambos podem causar anemia – ou tomate, que contém tomatina, substância que causa alterações no sistema nervoso dos gatos e pode ser fatal.
Frutas também oferecem riscos
Com as frutas, uma vez que não cabe cozimentos, é preciso ainda mais atenção. Nessa categoria de alimento, uma das que possuem maior índice de açúcar é a uva, em especial a passa.
No caso da ameixa deve-se ter cuidado com o caroço, que contém cianeto, considerado tóxico para os cães e gatos. As sementes da maça também são nocivas à saúde de ambas as espécies.
Entre as castanhas, Carvalho alerta para as possíveis alterações no sistema nervoso que podem ser provocadas pelo consumo de nozes e macadâmia. O mesmo risco se dá com o chocolate, por causa da substância teobromina.
Cuidados
Diante de todos esses riscos, além de não oferecer esses alimentos aos animais de estimação, é fundamental ter cuidado com as sobras nos pratos esquecidos em locais de fácil acesso pelos pets. Isso também vale para copos de bebidas alcoólicas e refrigerantes. “Nesse sentido é importante alertar os familiares e visitantes para terem esse cuidado.”
O presidente da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais do CRMV-SP, méd.-vet. Rodrigo Mainardi, orienta que os tutores prefiram comprar produtos específicos para cães e gatos para oferecer aos pets no dia da ceia. “Há uma grande diversidade de alimentos no mercado que foram desenvolvidos para atender as necessidades do animal.”
Quanto aos cães, Mainardi frisa ser comum os tutores considerarem que os de porte grande não estão tão vulneráveis. “Observamos, porém, maior incidência de emergências após ingestão de alimentos com cães maiores, justamente por essa falsa impressão de que só os de pequeno porte são sensíveis.”
Outro alerta de Carvalho e Mainardi é quanto à atenção redobrada em casos de animais diabéticos, obesos, que possuem problemas cardíacos, endocrinológicos, entre outros. Qualquer particularidade da saúde do animal deve ser tratada com orientação médico-veterinária. O mesmo vale para os pets que se alimentam de dietas específicas.
Texto: Assessoria de Comunicação do CRMV-SP.