O período do Carnaval, época de bastante calor, agitação e deslocamentos, pode levar a várias mudanças na rotina dos pets. Por isso, é importante estar atento em relação às alterações que possam afetar o bem-estar desses queridos companheiros.
“Na verdade, os cuidados que devemos ter no Carnaval são os mesmos de sempre. Mas, como é uma fase muito quente e movimentada, é bom ficarmos alertas para não nos descuidarmos deles”, explica a presidente da Comissão Técnica de Bem-estar Animal do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), Cristiane Schibach Pizzutto.
Segundo a médica-veterinária, a principal recomendação diz respeito à hidratação. “É fundamental oferecer água fresca ao animal a todo momento, pois a temperatura está muito elevada. Então, caso o tutor leve seu pet em viagem, deve ter água a mão para poder oferecer a ele, assim como nos passeios ao ar livre”, avisa.
Sobre as saídas, também orienta que sejam realizadas no início da manhã ou no final da tarde, quando o calor é menor. Além disso, locais tumultuados, com aglomeração de pessoas, devem ser evitados.
Ambiente natural
Cristina informa, ainda, que o ideal é manter a alimentação de costume, assim como respeitar os hábitos de descanso de cada um. Sobre a participação dos pets na folia, ela alerta que a Comissão Técnica de Bem-estar Animal considera inadequada a participação de cães e gatos em bloquinhos, mesmo no caso dos que são voltados a eles.
“Recomendamos fortemente que, se o tutor for participar da festa na rua, deixe o animal em casa, no conforto do seu ambiente natural. Nesses locais, há um grande risco deles ficarem estressados e vulneráveis, podendo ser pisados ou machucados com objetos jogados na rua”, destaca.
As fantasias são outro item carnavalesco não recomendado, por causar desconforto. “Caso o tutor queira tirar uma foto com o animal fantasiado, deve vesti-lo com o acessório apenas no momento do registro”, indica.
No que se refere ao estresse do animal motivado por barulho excessivo, a dica é tentar buscar um cômodo mais isolado para deixá-lo nos piores momentos, com as janelas fechadas. Mas, se isso não resolver, o melhor é buscar uma alternativa para remover o pet do ambiente.
Na estrada
As viagens com pets também requerem atenção em relação ao transporte nos veículos. O presidente da Comissão Técnica de Pequenos Animais do CRMV-SP, Márcio Thomazo Mota, relacionou algumas recomendações importantes para que o deslocamento ocorra da forma mais confortável e segura para eles, e para todos.
Segundo o médico-veterinário, cães e gatos devem estar com peitoral e guia adaptados, ou em caixas específicas de transporte individuais para fixação ao veículo, de preferência localizados na parte central do banco traseiro. Dessa forma, em uma possível frenagem mais brusca, o bichinho não será lançado contra as partes internas do veículo ou até mesmo contra o condutor.
“Para evitar estrangulamento ou lesões na cervical, é importante que seja usado o peitoral, não coleira simples”, explica Mota. “É fundamental, ainda, não permitir que o animal ande com a cabeça para fora do carro (na janela), pois além do risco de acidentes, o vento pode trazer ciscos e fragmentos, e provocar problemas oculares nos pets”, informa.
Mota acrescenta que é preciso ter atenção, também, na hora de colocar o animal dentro do veículo, pois a guia adaptada deve ser fixada no cinto do banco traseiro e regulada de modo que limite os movimentos do animal e, principalmente, o acesso dele ao motorista. Além disso, é importante escolher o tamanho adequado de coleira ou guia para cada porte.
Longas distâncias
Para as viagens mais longas, Mota indica um planejamento com paradas para que o pet possa fazer suas necessidades, e cuidados específicos, com orientação profissional, para evitar enjoos. Os principais são evitar alimentação pelo menos três horas antes e pedir ao médico-veterinário uma medicação específica para que seu pet não sofra e associe viagens a algo ruim.
Também é necessário adequar a temperatura do carro e conferir se o acessório utilizado para o transporte não está apertado ou folgado demais para o animal. Se o ar-condicionado for usado, é preciso garantir que o filtro de ar esteja limpo para que a respiração do cachorro não seja prejudicada, especialmente se o cão for braquicefálico, como pugs e buldogues. Isso é importante também para o sistema respiratório de todos os passageiros.
Sensíveis
No caso dos gatos, como são mais sensíveis e podem ficar ainda mais estressados do que os cães, uma dica do médico-veterinário para garantir a segurança e conforto dos bichanos é ter uma caixa de transporte de tamanho adequado e sistema de fechamento eficiente, além de mantê-la bem presa.
Outro recurso para aliviar a tensão do felino, de acordo com Mota, é acostumá-lo antecipadamente ao local em que ficará durante o transporte, estimulando-o a entrar na caixa de transporte no dia a dia. “Para isso, coloque alguns panos, brinquedos ou petiscos dentro e deixe a porta aberta para ele entrar e sair quando quiser”, ensina. “Borrife, ainda, feromônios sintéticos dentro da caixa 15 minutos antes de alojar o animal e, como alguns podem urinar ou evacuar no local de transporte devido ao estresse, use tapetes absorventes na base da caixa”, complementa.
E a alimentação dos tutores?
O consumo de alimentos e líquidos das pessoas em meio à folia, passeios e viagens também deve ser feito com cuidado, principalmente no que se refere às condições de higiene e ao calor.
“A primeira recomendação é se hidratar ao máximo, mas sem esquecer de observar a origem da água que está consumindo”, orienta o presidente da Comissão Técnica de Alimentos do CRMV-SP, Ricardo Calil. Por isso, segundo ele, ao comprar uma garrafinha de água, por exemplo, a pessoa deve verificar se ela está vedada e possui rótulo com indicação da procedência.
Outro cuidado a ser tomado, é em relação a água de bicas. “Ela só deve ser bebida quando se tem a informação de que é adequada para consumo, pois há muitas bicas com água contaminada”, alerta Calil.
Sobre os alimentos de origem animal, ele destaca que, embora em geral se tenha uma ideia de que o cozimento reduz muito ou elimina o risco de contaminação, fatores como a manipulação inadequada; a utilização de produtos sem procedência garantida, ou seja, sem um médico-veterinário como responsável técnico e da devida fiscalização; a má conservação e o cozimento insuficiente fazem com que essa tese caia por terra.
Cuidados
“Queijo coalho, churrasquinho e camarão, que são produtos vendidos no comércio ambulante, dependem de cuidados de higiene para não correrem risco de contaminação. Mas se o vendedor não tem acesso a uma pia com água limpa para lavar as mãos ao tocar no alimento, há uma grande chance de contaminá-lo”, afirma o especialista.
Por isso, Calil recomenda que, antes de comprar, o consumidor repare se a manipulação do vendedor segue as boas práticas de higiene, se o produto está bem cozido, tem indicação da procedência e bom aspecto geral. “Sem estes cuidados, o risco de contaminação é altíssimo”, avisa.
Inspeção
Lembrando que todo alimento de origem animal deve ter um médico-veterinário como responsável técnico e também possuir os selos de inspeção municipal, estadual ou nacional (SIM, Sisp e Sisb).
A inspeção garante a segurança para o consumo, pois alimentos de origem animal clandestinos podem causar doenças graves, como brucelose, tuberculose, botulismo, salmonelose, entre outras.
Algumas outras precauções no momento da compra também são recomendadas, entre elas: não comprar alimentos com embalagens sujas ou danificadas, assim como os que apresentarem validade vencida, e não deixar os produtos alimentícios por muito tempo expostos ao calor.
Além disso, não esqueça de conferir bem o rótulo, que deve conter informações nutricionais e sobre origem, validade, conteúdo e lote.