Ação conjunta de fiscalização autua agropecuária em Cerquilho

CRMV-SP, Setor de Zoonoses da Prefeitura Municipal e Polícia Ambiental de Tatuí constaram maus-tratos a animais disponibilizados para comercialização
Texto: Comunicação CRMV-SP / Foto: Fiscalização CRMV-SP

Ação conjunta de fiscalização envolvendo as equipes do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), do Setor de Zoonoses da Prefeitura Municipal de Cerquilho, e da Polícia Militar Ambiental de Tatuí, autuou agropecuária no bairro de Nova Cerquilho, na cidade de Cerquilho, região de Sorocaba.

No local, onde havia a comercialização de rações, produtos veterinários e animais vivos, foram constatadas diversas irregularidades, entre as quais a prática de maus-tratos. Foram encontrados cerca de 850 animais no estabelecimento, entre peixes, coelhos, hamsters, tartarugas tigre d`água, galinhas, codornas, e pássaros exóticos e silvestres.

Os fiscais identificaram sérios problemas higiênico-sanitários e de manejo, além da ausência de assistência veterinária. O CRMV-SP emitiu auto de infração para que a empresa atualize o cadastro, pois atualmente exerce atividade de criação e comércio de animais vivos, e apresente um médico-veterinário como responsável técnico. 

De acordo com o coordenador de Fiscalização e Multas do CRMV-SP, Artur dos Santos Ribeiro, as ações conjuntas visam dar mais dinamismo às fiscalizações, ampliando as parcerias interinstitucionais e distribuição de competências. “Cada órgão fiscaliza o que lhe complete e a fiscalização é potencializada. Ganham a saúde e bem-estar dos animais e da sociedade.”

O estabelecimento estava em desacordo com a Resolução CFMV nº 1069/2014, que dispõe sobre Diretrizes Gerais de Responsabilidade Técnica em estabelecimentos comerciais de exposição, manutenção, higiene-estética e venda ou doação de animais. Além disso, não possuía cadastro na Defesa Agropecuária Estadual, obrigatório quando do comércio de aves vivas, conforme estabelece a Portaria da Coordenadoria de Defesa Animal (CDA) nº 2/2017.

Duas tartarugas tigre d´água em uma bacia de plástico com água turva e rações espalhadas.
Tartarugas tigre d’água alojadas em bacia pequena e água suja
Necessidade de regularização e pagamento de multa

De acordo com relatório da fiscalização do CRMV-SP, muitos dos animais encontrados no local estavam em ambientes improvisados (baldes e bacias), com espaço reduzido, luminosidade inadequada, e sem qualquer enriquecimento ambiental. Fatores que comprometem seriamente o bem-estar dos animais.

Documento também foi emitido pelo Setor de Zoonoses municipal com solicitação de providências quanto à limpeza de todos os recintos dos animais, destinação para ambientes com acesso ao sol e recintos adequados para as espécies, fornecimento de água e ração balanceadas, enriquecimento ambiental e provisão de assistência e tratamento médico-veterinário.

A Polícia Militar lavrou, ainda, um boletim de ocorrência e emitiu Auto de Multa a ser calculada pelo número de animais encontrados em situação de maus-tratos.

Foto de um banheiro em que eram mantidos aves e hamsters coberto de dejetos, sem condições mínimas de higiene. Um recipiente com um hamster também aparece na imagem.
Detalhe de condições higiênico-sanitárias do local em que eram mantidas aves e um hamster
Bem-estar e saúde comprometidos

Foram encontrados animais com lesões graves e sem receber qualquer tipo de assistência veterinária, sendo que alguns deles estavam em visível sofrimento, fatores indicativos de maus- tratos. Os peixes, alguns já mortos, estavam em aquários lotados e com a qualidade da água comprometida, turva e com excesso de matéria orgânica acumulada.

Armazenamento das rações fornecidas aos animais era feito em sacos abertos, depositados diretamente no chão, ou em potes sem tampa. Foi encontrado um saco de ração para aves com o prazo de validade vencido.

As gaiolas onde as aves ficavam alojadas estavam extremamente sujas, com fezes misturadas ao alimento. Alguns animais apresentavam sinais de bicagem e canibalismo, o que pode indicar estresse, infestação por parasitas ou, ainda, deficiência nutricional.

“Os fiscais médicos-veterinários do Conselho e do Setor de Zoonoses do município fizeram um belíssimo trabalho conjunto de identificação de irregularidades. É possível com este caso observar as tristes consequências na saúde e bem-estar dos animais da ausência de um responsável técnico neste tipo de estabelecimento”, destaca o presidente do CRMV-SP, Odemilson Donizete Mossero.

Ave preta, dentro de uma gaiola pequena e suja, está com a pata quebrada, ausência de penas na cabeça, olhos semi cerrados, bico entreaberto e postura indicativa de dor.
Ave com pata quebrada e sinal de dor e sofrimento
Cinco Liberdades

Para assegurar o bem-estar dos animais é preciso conhecer e aplicar o conceito das Cinco Liberdades, o qual indica que os animais devem ser livres de fome e sede – pelo pronto acesso à água fresca e a uma dieta balanceada; de desconforto – proporcionando um ambiente adequado, incluindo abrigo e uma área para descanso; de dor, lesão ou doença – por prevenção ou diagnóstico rápido seguido de tratamento correto; e de medo e angústia – assegurando condições e tratamento que evitem sofrimento mental.

Pelo conceito, é preciso, ainda, que o animal tenha liberdade para expressar seu comportamento natural, com o fornecimento de espaço suficiente, instalações adequadas e companhia de animais de sua espécie.

Estabelecimentos que criam e comercializam aves passeriformes, também devem seguir o que estabelece o art. 40 da Instrução Normativa do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) nº 03/2011, a qual define as condições necessárias para que os animais sejam mantidos em viveiros ou gaiolas.

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