O Estado de São Paulo
concentra o maior número de espécies de peixes e invertebrados aquáticos
ameaçados de extinção no Brasil, indica um levantamento divulgado ontem pelo
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Das 238 espécies nessa situação, 86 vivem no Estado. A poluição dos rios e a
ocupação das áreas ribeirinhas pelo homem, destruindo o habitat aquático, são
os fatores que mais ameaçam os peixes. Os dados divulgados completam o
mapeamento dos 632 animais ameaçados de extinção. Répteis, anfíbios,
mamíferos e invertebrados terrestres já tinham sido mapeados.
O levantamento do IBGE foi feito a partir de dados do Ibama (Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis) compilados em 2004, e considera cinco diferentes graus
de risco.
O objetivo do IBGE ao fazer esse mapeamento é incentivar projetos para
preservar a biodiversidade. "Visualizando onde esses animais estão, fica
mais fácil tomar iniciativas para preservá-los", afirma Lícia Leone Couto, coordenadora de Recursos Naturais do
IBGE.
O primeiro mapa, lançado em 2006, listou aves ameaçadas de extinção, em 2007
foi a vez dos mamíferos, répteis e anfíbios. E em
2008, as espécies de insetos e invertebrados terrestres foram mapeadas.
Dos 632 animais sob risco de extinção no Brasil, a maioria são animais
aquáticos (238). O grupo reúne peixes que variam de lambaris a tubarões,
incluindo bagres e cações. Entre os invertebrados, há espécies de ostras,
corais, lagostas e estrelas-do-mar, entre outros.
O risco de extinção ocorre por três fatores, segundo Couto. "O homem
ocupou as faixas costeiras do Brasil, causando a destruição dos habitats
naturais dessas espécies. Além disso, a poluição das águas e a pesca –
seja para consumo, esportiva ou ornamental- também contribuem para o fim das
espécies aquáticas."
Segundo a bióloga Mônica Brick Peres, do Instituto
Chico Mendes, a lista de animais ameaçados de extinção está crescendo mais
acentuadamente por causa das espécies aquáticas. "Existem cerca de 30
mil espécies de vertebrados aquáticos no mundo, e só 4% já foi pesquisado.
Dessa quantia, 39% correm risco de desaparecer", conta a bióloga. É o maior
índice – entre os anfíbios pesquisados esse índice é de 31%; entre os
répteis, 30%, mamíferos, 22% e aves, 12%.
Segundo a bióloga, muitas espécies somem sem que nem tenham sido estudadas.
"Conforme aumenta o número de [animais] pesquisados deve crescer também
a quantia daqueles sob risco de extinção", diz.
Segundo Couto, o bioma brasileiro que mais concentra peixes e invertebrados
aquáticos sob risco é a mata atlântica. Os Estados que concentram o maior
número de espécies ameaçadas são aqueles onde houve maior degradação desse
tipo de ambiente, diz a bióloga.
Fonte: Folha Online, acesso em 13/07/2009