Na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP, em Piracicaba, uma pesquisa avaliou o impacto dos atributos de qualidade em tourinhos de elite da raça nelore comercializados em leilão. O estudo procurou estabelecer quais as características mais relevantes para a formação do preço da venda de tourinhos, determinar os prêmios ou descontos gerados por cada atributo de qualidade no preço de venda e apontar os mais importantes na composição do preço.
O pesquisador Yuri Clements Daglia Calil utilizou como amostra três leilões (368 observações) de uma fazenda padrão. A pesquisa apontou que os atributos dos animais que mais contribuíram para a formação dos preços, em um primeiro plano, foram a qualidade genética como um todo, expressa pelo Mérito Genético Total (MGT), e a qualidade fenotípica global, demonstrada pelo índice Epmuras, que congrega os fatores estrutura corporal, precocidade, musculosidade, umbigo, raça, aprumos e sexualidade.
Em um segundo plano, mais específico, agregaram valor aos jovens reprodutores características relacionadas à precocidade e fertilidade, ou seja, perímetro escrotal, peso ao desmame e peso ao completar um ano, bem como musculosidade, precocidade, raça e aprumos. Os animais com MGT excelente tiveram prêmio médio de 22% a mais em relação aos considerados bons. Paralelamente, os touros com Epmuras excelente obtiveram valor 11% superior aos classificados como muito bons.
“A pesquisa procura valorizar a análise econômica para o elo mais importante e tecnologicamente sofisticado da cadeia de corte brasileira. O estudo apresenta uma ferramenta que todos os pecuaristas podem utilizar para estabelecer seus critérios de seleção, bem como montar estratégias em seus leilões. Em suma, se os produtores focarem a seleção em precocidade e fertilidade, agregarão valor aos animais”, afirma o pesquisador.
Melhoramento
Calil observa que, embora o Brasil seja um expoente mundial em melhoramento genético bovino e os animais de elite desempenhem um papel de suma importância na cadeia de corte, poucos estudos são desenvolvidos sobre o tema. “Os produtores de touros, sob orientação dos programas de melhoramento genético e consultorias especializadas, contemplam tanto características quantitativas quanto qualitativas em seus objetivos de seleção. No entanto, carecem quantificar economicamente cada característica selecionada, o que representaria um grande passo para a objetividade do processo seletivo”, diz.
Segundo o pesquisador, nas fazendas de cria, os reprodutores melhoram os índices de fertilidade, o intervalo entre partos, a habilidade materna e o crescimento pré-desmama. Nas propriedades de recria, têm impacto principalmente o crescimento pós-desmama. Nas fazendas de engorda, influenciam o ganho de peso, a eficiência alimentar e a precocidade de terminação, entre outras características. No elo dos frigoríficos, os esforços do melhoramento genético impactam tanto no rendimento de carcaça quanto na cobertura de gordura. A maciez e a relação entre músculo e gordura também influenciam para o consumidor final.
“Assim, cabe estudar quais características têm maior impacto no valor econômico dos reprodutores comercializados, bem como os prêmios e descontos gerados por elas que incrementam ou não a renda dos pecuaristas”, explica Calil. “Por isso, a pesquisa buscou indicar quais atributos os produtores devem priorizar nos objetivos de seleção para aumentarem a própria renda, a qual atualmente é proveniente, em grande parte, da comercialização de animais e embriões em leilões”.
A pesquisa, orientada pelo professor João Gomes Martinês Filho, do Departamento de Economia, Sociologia e Administração da Esalq, faz parte da dissertação de mestrado de Calil, defendida no Programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada da Esalq. O pesquisador é bacharel em Agronegócio pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais.
Fonte: Agência USP de Notícias (acessado em 27/01/11)