Duas aves da fauna brasileira, ambas extremamente ameaçadas de extinção – uma ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), espécie encontrada hoje apenas em cativeiro, e uma arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari), que tem só 900 indivíduos na natureza –, voltaram esta semana ao Brasil, vindas da Fundação Loro Parque, em Tenerife, na Espanha.
A repatriação foi acompanhada de perto pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). As duas aves, que desembarcaram segunda-feira no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, haviam sido enviadas para lá em 2006, por meio de um programa de cooperação entre os dois países para a conservação de espécies ameaçadas.
Os animais foram trazidos de volta pelo curador de aves da Fundação Loro Parque, Mathias Reinschmidt, autorizado a colocá-las em gaiolas na cabine do avião, para maior segurança de ambas.
Após serem recebidas no aeroporto pela chefe do Setor de Aves, a bióloga Fernanda Junqueira Vaz, e a coordenadora dos programas de cativeiro da ararinha-azul e arara-azul-de-lear, Yara Barros, diretora técnica do Foz Tropicana Parque das Aves, de Foz do Iguaçu, as araras foram levadas por uma equipe do Zoológico de São Paulo para a Estação Quarentenária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em Cananéia (SP).
Lá, elas deverão ficar em quarentena por um período mínimo de 15 dias, durante os quais passarão por exames. A ararinha-azul é uma fêmea de três anos de idade. Nasceu no Loro Parque e terá como destino o Zôo de São Paulo, onde será pareada (formará casal) com um macho.
A arara-azul-de-lear tem também três anos de idade e é filhote de um casal enviado do Brasil para o Loro Parque em 2006. Eles nunca haviam se reproduzido por aqui. Mesmo tendo nascido em um centro de reprodução no exterior, é propriedade do governo brasileiro.
O coordenador geral de pesquisa do Instituto Chico Mendes, Ugo Vercillo , explica que essas araras são naturais da caatinga baiana e duas situações contribuem para ameaçá-las sobremaneira: a captura para o comércio ilegal e a perda do habitat, extremamente acentuada nos últimos anos.
O caso da ararinha-azul é pior: desde 2002 ela já é considerada oficialmente extinta na natureza. Sua única chance de recuperação é o manejo em cativeiro. Hoje, segundo Vercillo, o programa de reprodução conta com apenas 80 aves, distribuídas em centros no Brasil, Espanha, Qatar e Alemanha.
O objetivo é garantir o retorno da espécie à natureza por meio de reintroduções controladas. “Através da cooperação entre governos e mantenedores, é possível obter um crescimento genética e demograficamente sustentável das populações em cativeiro, que viabilize a conservação dessas espécies”, diz Vercillo.
Fonte: EPTV (acessado em 26/03/10)