Mais de 500 pessoas por ano são atacadas por cães no Brasil. Apenas no Estado de São Paulo, o mais populoso do País, uma nova vítima é atendida por hora na rede pública de saúde. Um levantamento do Ministério da Saúde, a partir de dados do Sistema Único de Saúde, aponta um crescimento anual de aproximadamente 25% nos casos de internações hospitalares motivadas por mordidas de cães nos últimos dois anos. Os números, até julho, apontam um crescimento de 28,7% em relação ao mesmo período de 2008.
A maior ameaça é a contaminação por raiva. “Se a pessoa for agredida por um cão ou qualquer outro animal, é muito importante que procure um serviço de saúde mesmo se o ferimento não for grave, pois pode haver a necessidade de tomar a vacina contra a raiva”, lembra a diretora do Instituto Pasteur, Neide Takaoka.
Especialistas defendem que, para evitar os ataques, é importante saber os motivos que levam o cachorro a atacar até mesmo pessoas próximas a ele. De acordo com a psicóloga especialista em comportamento animal Ceres Faraco, a invasão do território do animal é um motivo importante, mas não explica todas as reações agressivas que o bicho pode apresentar.
Um comportamento interpretado como confrontador por todas as espécies de cachorro é dirigir o olhar para o focinho. Movimentar os braços também pode ser interpretado como uma tentativa de agressão, especialmente pela visão pouco apurada do animal.
Cuidado especial com as crianças
As crianças, principalmente, podem despertar o instinto predador do animal. Pelo tamanho pequeno, correm o risco de serem confundidas com algumas presas naturais do cachorro, como pequenos animais herbívoros. O pouco discernimento da criança no trato com o cão também pode estimular o comportamento agressivo do bicho.
Uma dica segura parar tentar escapar de um cão prestes a atacar é não olhar diretamente para ele. “Devemos fazer a chamada posição de árvore: braços colados no corpo e olhar voltado para o alto”, diz Ceres. Em caso de movimentação, os passos devem ser os mais lentos possíveis e se afastar ao máximo da direção do cachorro potencialmente perigoso. Uma reação instintiva pode agravar ainda mais a situação. “Puxar o braço pode fazer com que a mordida do cão dilacere o membro”, afirma.
Não se deve tentar exercer qualquer autoridade sobre o animal como chamá-lo pelo nome, gritar ou dar ordens. “Se o animal estiver propenso a atacar, ouvindo seu nome ele vai atacar mesmo”, alerta Ceres.
A diretora do Instituto Pasteur é cética em relação à criação de uma lei específica para punir donos de animais agressores. “O que resolve é um trabalho de conscientização para a criação segura dos animais, que não podem ser vistos nunca como brinquedos”, diz.
Segundo a Secretaria da Saúde paulista, quase 85% dos ferimentos em humanos provocados por animais são casos de ataques de cães. Em segundo lugar, estão os atendimentos de pessoas machucadas por gatos (8%). Segundo Neide Takaoka, 55% dos ataques são contra homens, 40% são menores de 15 anos e a grande maioria dos animais agressores são conhecidos da vítima. Ainda que 60% dos ferimentos sejam superficiais e não acabem em morte, 38% dos ataques resultam em múltiplas escoriações e ainda 6% em feridas mais profundas.
Fonte: Terra (acessado em 13/10/10)