Aves silvestres vendidas pelo tráfico podem transmitir doenças

Um levantamento desenvolvido pelo curso de Medicina Veterinária do Centro de Estudos Superiores de Maceió (Cesmac) aponta que aves silvestres vendidas pelo comércio ilegal de animais podem ser portadoras de zoonoses e transmitir doenças para os seres humanos quando inseridas de forma irregular no ambiente doméstico. A pesquisa foi realizada pelo professor Isaac Albuquerque e pela aluna Luciana Medeiros.

A proposta do estudo foi investigar o estado clínico geral das aves resgatadas do comércio ilegal por meio de exames físicos para compreender as condições de maus tratos a que são submetidas. Foram relacionadas ainda as principais lesões e patologias encontradas e organizado um levantamento estatístico.

“A forma de captura, transporte e manejo às quais os animais são submetidos no comércio ilegal resultam em muito sofrimento. Não raro, as aves são mutiladas, transportadas em condições precárias, sem água e comida, o que culmina na elevada debilidade delas e até a morte”, diz a estudante Luciana Medeiros.

De acordo com ela, as condições de estresse a que os animais estão expostos resultam em uma queda de imunidade. Por falta de processos rigorosos de controle sanitário, eles podem desenvolver doenças graves e transmissíveis aos seres humanos que os compram.

“A maioria das zoonoses transmitidas por aves silvestres apresentam um conjunto de sintomas inespecíficos e as patologias (doenças) são de fácil transmissão para o ser humano, principalmente por ingestão ou inalação, podendo ocorrer também por mosquitos”, explica Luciana.

O professor Isaac Albuquerque ressalta que os animais silvestres, de uma forma geral, mascaram seus sinais clínicos, constituindo-se importantes fontes de infecção e disseminando agentes de risco para outros animais, inclusive o homem.

“Sem ter noção dos riscos, muitas vezes, as pessoas que adquirem as aves contraem doenças respiratórias ou dermatológicas, como candidíase e não associam seus sintomas ao contato com os animais e o manejo de seus utensílios. Quando o animal é liberado ou adquirido em condições de debilidade ele não está sozinho, segue acompanhado por um conjunto de microrganismos como vírus, bactérias, protozoários, helmintos e artrópodes”, afirma ele.

Segundo Albuquerque, muitos são os processos mórbidos conhecidos que acometem as aves mantidas em cativeiro, mas há pouca informação a respeito de afecções e alterações em animais oriundos do tráfico.

Ele explica também que o tráfico de animais silvestres existe porque há compradores e que uma das maneiras de se combater o comércio ilegal é o de exigir o certificado de origem. “As pessoas ainda mantém a tradição de criar aves engaioladas em casa e nem imaginam as consequências negativas decorrentes dessa prática. Cada animal tem seu papel no equilíbrio do meio ambiente. As aves atuam como agentes de polinização, ajudando a espalhar sementes de plantas, ou como predadores de insetos e roedores, frequentemente responsáveis por danos na agricultura. Muitos dizem que criam passarinhos na gaiola para ter um animal cantando e trazendo alegria para casa, quando podiam naturalmente atrair uma grande quantidade deles plantando árvores frutíferas em seus quintais”, defende.

De acordo com o conceito do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), toda retirada de espécies do ambiente natural para fins de comercialização se caracteriza como tráfico. Albuquerque explica que há basicamente três tipos de traficantes de animais silvestres: o responsável pela captura na natureza, o atravessador, que atua como ponte entre os caçadores e o mercado, e o leigo, que pega os animais em seus habitats naturais e revende em feiras livres.

Para o professor, o Brasil perde economicamente com o tráfico e com a destruição de seus recursos naturais, pois a comercialização ilegal não gera renda para o País e a retirada dos animais leva a consequências ecológicas desastrosas por impedir a procriação de espécies, favorecendo a extinção. “Há uma estimativa de que o tráfico de animais silvestres movimente anualmente no mundo até US$ 20 bilhões. A rica biodiversidade brasileira faz do País um dos principais focos dessa prática ilegal que precisa ser cada vez mais combatida pelos órgãos responsáveis”, diz.

Fonte: Alagoas em Tempo Real (acessado em 30/03/10)

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