Brasil está perto de proibir animais em circo

O macaco participa do espetáculo com os palhaços. O leão ultrapassa um círculo de fogo e o elefante equilibra-se em uma plataforma. Enquanto isso, meninos e meninas vibram na plateia. A alegria, no entanto, só existe porque no picadeiro não se veem os maus tratos a que estão submetidos boa parte dos animais de circo. Jaulas apertadas, presas arrancadas e alimentação inadequada são apenas alguns dos motivos que fizeram com que seis Estados brasileiros e mais de 50 municípios vetassem o uso de animais em circos. E, no próximo ano, a proibição pode se tornar nacional.

A CCJ – Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou, no final do ano legislativo, o Projeto de Lei 7291/06, que acaba com o uso de animais da fauna silvestre brasileira e exóticos na atividade circense. A proposta, que já passou pelo Senado, segue agora para o Plenário onde deve ser votada no primeiro semestre deste ano.

“Já passou da hora de encerrarmos a crueldade contra os animais. Animal em circo é animal maltratado”, justifica o relator do projeto, Ricardo Tripoli (PSDB-SP).

Foi ele o autor de lei semelhante que proíbe animais em circos em São Paulo, desde 2005. A mesma proibição existe na Paraíba, em Pernambuco, no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul e no Mato Grosso do Sul. No Ceará, em Santa Catarina e em Minas Gerais, projetos semelhantes estão em tramitação.

Vale destacar, no entanto, que existem cerca de 600 companhias de circo que ainda usam bichos nos espetáculos. O Distrito Federal, apesar de não proibir, está fora da rota dos circos que usam animais. Lá funciona uma das ONGs mais atuantes contra o uso de bichos nas apresentações.

A ProAnima recolhe assinaturas a favor do projeto. Um abaixo-assinado que ela ajudou a organizar foi entregue na Comissão de Educação e Cultura, onde o texto foi aprovado antes da CCJ, com mais de 100 mil nomes.

Além disso, o rigor do Ibama – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente na capital foi amplamente divulgado, em agosto do ano passado, quando o órgão apreendeu 26 animais por acusação de maus tratos no Le Cirque que se instalava para apresentações.

Os animais recolhidos foram distribuídos para vários locais no país. Jeber e Tyson, os chimpanzés confiscados, vivem atualmente em Sorocaba em um centro de atendimento a primatas. Os dois macacos que viviam em uma jaula de três m² no circo — 20 vezes menor que a área mínima exigida pelo Ibama — agora estão em um área verde de 500 m², onde convivem com outros 44 primatas.

O descanso foi merecido. O laudo apresentado pela coordenadora do Projeto de Proteção a Grandes Primatas, Selma Mandruca, mostrou que no circo eles tiveram os dentes e testículos arrancados. Além disso, quando eles chegaram a São Paulo, possuíam marcas de correntes no pescoço, lesões na pele por automutilação e apresentavam sinais de estresse crônico.

Jeber e Tyson, no entanto, tiveram sorte. Chico e Kim, duas girafas acolhidas, respectivamente, nos zoológicos de Brasília e de Goiânia morreram menos de um ano depois da apreensão no Le Cirque. “Não é compatível com os nossos tempos essa prática. Daqui a uns tempos, usar animais dessa maneira será tão recriminado quanto à escravidão”, comenta a bióloga e veterinária Maria Carolina Dias Camilo.

Mundo

Caso o Brasil aprove a lei, se igualará a países como Áustria, Costa Rica, Dinamarca, Finlândia, Índia, Israel, Singapura e Suécia. “O nosso sistema jurídico já se orienta no sentido de afastar a crueldade contra todos os tipos de animais, nativos ou não. Há decisões do STF – Supremo Tribunal Federal que reforçam esse princípio”, completa o relator.

Pelo projeto de lei, os donos de circos terão de parar imediatamente de utilizar os animais em espetáculos, mas possuirão o prazo de oito anos para decidir sobre o futuro dos animais, que deverão ser encaminhados a zoológicos registrados no Ibama. Uma regra no projeto veta a doação dos bichos para circos de outros países.

O iG tentou ouvir a União Brasileira de Circos mas não teve retorno.

Veja alguns dos circos brasileiros que não usam animais em espetáculos:

Circo Mágico de Moscow

Cia Clawnesca

Cara Melada

Cia Pavanelli

Circo da Alegria

Circo Dança

Teatro Intrépida Trup

Circo Girassol

Circo Mínimo

Circo Navegador

Circo Spacial

Circo Teatro Musical Furunfunfum

Circo Trapézio

Circo Vox Circodélico

Cirque Ahbaui

Companhia Teatral e Circence Trupe Sapeka

Parlapatões, Patifes & Paspalhões

Sply Up-Leon

Circo Popular do Brasil

Circo Gran Bartholo

Fonte: Ultimo Segundo (acessado em 04/01/10)

Relacionadas

Imagem com um computador ao centro, em cuja tela aparece as informações sobre a Semana do Zootecnista e uma mulher sorrindo com um celular nas mãos.
Em um curral, o profissional zootecnista, com um tablet na mão, de camisa xadrez, calça jeans e botas, está agachado em frente a um bovino.
Galinhas em marrons em um sistema de produção avícola com gaiolas e comedouros.
15.05.2025_CAPA_INFORMATIVO_MATÉRIA_1408x786

Mais Lidas

Diagnóstico por imagem é uma das especialidades reconhecidas pelo CFMV
Crédito: Acervo CRMV-SP
Notebook com a tela inicial da Solução Integrada de Gestão do CRMV-SP (SIG CRMV-SP)
Responsável técnico é a figura central que responde ética, legal e tecnicamente pelos atos profissionais da empresa
Crédito: Freepik
Em São Paulo, a primeira instituição destinada ao ensino da Veterinária teve origem no Instituto de Veterinária, nas dependências do Instituto Butantan, no ano de 1919 Crédito da foto: Acervo Histórico/FMVZ-USP

Contato

(11) 5908 4799

Sede CRMV-SP 

Endereço: Rua Apeninos, 1.088 – Paraíso – CEP: 04104-021
Cidade: São Paulo

Newsletter

Todos os direitos reservados ao Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo – CNPJ: 50.052.885/0001-40