Pacientes do Ceon (Centro Especializado em Oncologia e Hematologia) do Hospital dos Fornecedores de Cana, encaminhados a tratamento depois de diagnóstico pelo projeto Ilumina, ganharão, na próxima semana, um novo remédio para aliviar as tensões. Não se trata de nenhuma alopatia, química ou algo que possa ser produzido mecanicamente, mas o efeito é imediato. É a visita de cães ao espaço reservado para tratamento.
A Cinoterapia não é algo tão novo, mas ainda precisa vencer barreiras para ser aprovada. Uma delas é a da Vigilância Sanitária, por conta da integração de animais ao ambiente hospitalar. Seus resultados, porém, são comprovadamente eficazes, ao menos no bem-estar proporcionado aos pacientes.
Um projeto-piloto foi desenvolvido inicialmente com duas pacientes da Oncologia e dois cães sociáveis e de guarda, da raça labrador. Juliana, 24 anos, fez transplante de medula óssea e Vitória, 6 anos, começou a fazer quimioterapia na semana passada.
A terapeuta ocupacional do Ceon, Thaís Libório, afirma que a Cinoterapia com crianças auxilia no desenvolvimento emocional. “Quando começam na quimioterapia, as crianças geralmente barram momentos como alimentação, cuidados com a higiene pessoal, alimentação, se negam a fazer fisioterapia. O cão serve como exemplo, porque ela pode levá-lo para passear como forma de fisioterapia, escovar seus pelos, dar alimento.”
Thaís também atua pela primeira vez com cães e, interessada, tem dedicado seus estudos a aprender mais sobre o trabalho, de maneira a fazer com que a integração proporcione um vínculo lúdico ao paciente.
Ana Lúcia Pavão, gestora do Ceon, contou que conseguir trabalhar com cães é a realização de um sonho que ela perseguia há oito anos. “Fiz até curso sobre isso, mas não conseguia autorização da Vigilância. Agora, recebemos a autorização, com algumas particularidades que precisam ser respeitadas. Vamos aos poucos criar um vínculo com a equipe e ver o que os cães podem levar aos pacientes”, disse a gestora.
Esperança em bons resultados
Os treinadores dos cães que integram o trabalho são voluntários do Grupo de Apoio à Força Aérea Brasileira (Gafab), de Piracicaba. Marcos Paulo Jantin, Adam Battonyai, Robson Oriani e José Ariovaldo Sanches, contam que são escolhidos cães que têm comportamento dócil e sociável. Eles recebem um adestramento especial para começar o trabalho com os pacientes. “A ideia é interagirmos com as terapeutas para montarmos as aulas de maneira a adequar o adestramento às necessidades”, contou Jantin.
Ao observar Vitória brincando pela primeira vez com Sheetara, o cão que a acompanhará no tratamento, a médica Adriana Brasil, presidente do Ilumina, afirmou que o trabalho caminharia no rumo certo. “É confirmado que a interação com os cães, principalmente no caso das crianças, pode fazer muito bem. Temos muita esperança no bom resultado que esse tratamento pode proporcionar”, falou emocionada.
O projeto conta com apoio da Agropecuária do Mané, Rações Premier e Sindicato dos Metalúrgicos de Piracicaba.
Fonte: Gazeta de Piracicaba (acessado em 09/08/10)
