Cães e ambientes devem ser prioridades na prevenção contra a leishmaniose

Integrantes de Comissões do CRMV-SP alertam para ações de combate à doença
Texto: Comunicação CRMV-SP / Foto: Pixabay

A leishmaniose é um problema de saúde pública no Brasil e em diversos países vizinhos na Região das Américas. As consequências são graves, podendo resultar em morte, invalidez e mutilação em humanos e animais, e os números chamam a atenção das autoridades sanitárias. Nesta Semana de Controle e Combate à Leishmaniose, de 10 a 17 de agosto, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) alerta para a importância do controle da doença no País.

Os focos principais na prevenção a leishmaniose devem ser os cães e os ambientes – especialmente quintais -, ressalta o médico-veterinário Otávio Verlengia, membro da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais (CTCPA) do Regional.

“É muito importante evitar a proliferação dos insetos vetores da doença, que são chamados de flebotomíneos. O cuidado é semelhante ao que se recomenda contra a proliferação do mosquito da dengue, porém o foco de reprodução não está na água parada. No caso da leishmaniose, o vetor se reproduz em qualquer tipo de matéria orgânica”, explica Verlengia.

O médico-veterinário recomenda colocar qualquer entulho orgânico diretamente no lixo e não acumular nada. “Os quintais devem estar sempre limpos, sem folhas, galhos de árvores, fezes de animais, restos de madeira e lixos de um modo geral”, afirma. A orientação também vale para terrenos desocupados e criatórios de cães.

Prevenção em animais

No caso dos cães, a prevenção deve ser realizada com o uso de coleiras repelentes e/ou pipetas para aplicação, indica Verlengia. “Elas vão afugentar o mosquito, evitando que ele pique o cão. Se não consegue picar o animal, a doença está combatida.” Há ainda o recurso da vacina.

O médico-veterinário destaca também a importância do controle populacional desses animais. “Se os cães das ruas são controlados e os das casas estão vacinados, encoleirados e/ou com pipetas, isso diminui muito a incidência da leishmaniose”, afirma.

Prevenção no ser humano

O uso de mosquiteiros, telas nos portões e janelas, e uso de repelentes, especialmente em regiões endêmicas, ajuda na prevenção da doença em seres humanos. O mosquito vetor da leishmaniose é mais ativo em alguns períodos do dia: no amanhecer e no pôr-do-sol.

Pessoas que moram ou visitam regiões endêmicas e matas não podem deixar de proteger a pele. “Quando for fazer caminhadas ou trilhas, é preciso ter cuidado, pois são locais em que se tem mais contato com o flebótomo. Então, é interessante pensar no repelente e não ficar com o corpo exposto”, reforça o médico-veterinário.

Saúde pública

Um relatório de 2019 sobre a incidência da doença nas Américas aponta 15.484 registros no Brasil, mais do que o triplo do computado pelo segundo e o terceiro países apontados na lista: Colômbia (5.907) e Peru (5.349).

O levantamento foi feito pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que nos últimos anos apóia países endêmicos para desenvolvimento de iniciativas conjuntas em prol do fortalecimento das ações de vigilância e controle. O objetivo é reduzir as formas graves da leishmaniose, por meio do acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado.

Agravantes

A presidente da Comissão Técnica de Saúde Ambiental (CTSA) do CRMV-SP, Elma Polegato, diz que vários fatores contribuem para a leishmaniose ser considerada uma doença negligenciada e ter seus principais indicadores de ocorrência em alta. Ela aponta fatores socioeconômicos, analfabetismo, deficiências no sistema imunológico, desnutrição e infraestrutura.

“Novas estradas e ampliação das existentes, avanço de moradias em áreas que deveriam ser preservadas, que não contabilizam o impacto ambiental e sanitário da ocorrência de doenças, e fatores ambientais diversos como desmatamento, queimadas, mudanças climáticas, entre outros fatores”, exemplifica Elma.

Migração

Inicialmente considerada zoonose de animais silvestres, que acometia ocasionalmente em pessoas em contato com as florestas, a doença passou a ocorrer em zonas rurais, já praticamente desmatadas, e em regiões periurbanas, com a adaptação do mosquito e presença de reservatórios em espaços urbanos.

Elma destaca também a expansão da leishmaniose visceral em humanos no estado de São Paulo. “É um eixo principal de disseminação no sentido noroeste para sudeste. Observa-se maior concentração nas regiões de Araçatuba, Presidente Prudente e Marília”, finaliza Elma.

A imagem é uma arte informativa com algumas ilustrações de ossinho e um cão. Há as seguintes informações:
 Leishmaniose - A prevenção é a melhor solução. 
- Em 2019, o País teve 2.529 novos casos confirmados de leishmaniose visceral (LV) - que ataca órgãos internos - em humanos; 
- A taxa de incidência foi de 1,2 casos a cada 100 mil habitantes;
- A doença foi confirmada em 24 unidades federativas, nas cinco regiões brasileiras. O nordeste é responsável pelo maior registro de casos (49,1%);
- A taxa de letalidade por LV em 2019 foi de 9%, sendo a mais elevada dos últimos dez anos; 
Nesse período, apesar da maior taxa de letalidade da LV ter sido registrada em adultos acima de 50 anos de idade (19,2%), destaca-se o elevado percentual nos menores de um ano (10,3%). 
Em relação à leishmaniose tegumentar (LT) - que ataca pele e mucosas -, foram confirmados 15.484 novos casos no Brasil em 2019. 
No ano, do total de pacientes notificados com LT, 67,1% evoluíram para cura clínica, enquanto 1,9% abandonaram o tratamento. Foram registrados, ainda, 19 óbitos.

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