Assim como os humanos, cães e gatos podem precisar de transfusões de sangue. Para suprir o estoque dos hemocentros veterinários da cidade, paulistanos submetem seus pets a uma nobre tarefa: doar sangue.
“Antigamente, quando um cão precisava de uma transfusão, pedíamos para o proprietário trazer um outro cachorro de porte grande para a doação. Mas hoje nosso trabalho é semelhante ao de um banco de sangue humano”, afirma o veterinário responsável pelo banco de sangue do Hospital Veterinário da Faculdade Anhembi Morumbi, Márcio Moreira.
Os avanços da medicina veterinária permitem que atualmente o sangue de cães e gatos seja armazenado por até 40 dias. Além disso, é possível transformar uma bolsa de sangue doado em três: uma de plaquetas, uma de hemácias e uma de plasma. Enquanto o plasma pode ter validade de um ano se congelado a -20 °C, as plaquetas são usadas apenas nos cinco dias após a coleta. “Por isso, precisamos de ajuda na divulgação da importância da doação de sangue”, diz Márcio.
Existem muitas vantagens em tornar o seu pet um doador. Ele pode salvar a vida de outros animais com doenças infecciosas, inflamatórias, que passam por tratamento oncológico ou sofreram acidentes. “O animal doador não recebe dinheiro pela doação, mas passa por um check-up gratuito, o que ajuda a prevenir doenças”, afirma Márcio.
O procedimento para doar é simples: o animal é levado ao hospital e coleta uma pequena amostra de sangue, que passará por 15 exames laboratoriais. Se estiver saudável, o pet é cadastrado como doador e pode doar sangue a cada 40 dias. Hoje existem cerca de 300 animais cadastrados, e 80 são doadores frequentes.
Durante a coleta, os gatos são sedados para a comodidade do animal. Já os cães permanecem acordados, e têm uma veia da pata ou do pescoço pinçada. A doação leva apenas de dez a 15 minutos.
“É muito difícil um animal passar mal porque, diferentemente de nós, eles não têm o medo psicológico da agulha”, diz Márcio. Como a equipe faz carinho no cão durante todo o processo, e eles ainda ganham recompensas como petiscos no final, existem cachorros que quando chegam no hemocentro, pulam direto na mesa de doação.
Para doar sangue, o animal precisa:
* Ter entre um e 8 anos de idade
* Pesar mais de 25 quilos (no caso dos cães) ou mais de 4 quilos (para os gatos)
* Estar com as vacinas e a vermifugação em dia, assim como o controle de pulgas e carrapatos
* Ser dócil
* Não estar prenhe
* Não apresentar problemas de saúde
Fonte: Época SP (acessado em 20/01/11)