Para combater o crime e ainda trazer alegria para população, as guardas municipais do Grande ABC estão se equipando com uma nova arma: cachorros altamente capacitados.
Os resultados já surtiram efeitos em São Caetano e Diadema, que contam com 16 cães adestrados para controlar tumultos, imobilizar assaltantes, farejar drogas e explosivos, e ainda divertir as pessoas em apresentações em parques e escolas.
O próximo município a ganhar um canil será o de Mauá. A prefeitura realiza estudos para colocar a iniciativa em prática no próximo ano em parceira com a Guarda Municipal.
O dia a dia dos animais não é muito diferente dos homens da guarda. Todos cumprem a rotina do seu adestrador, com treinamento diário, rondas pelas ruas, com direito a ir na janelinha da viatura, alimentação balanceada, folgas semanais e férias anuais. O único prêmio que os cães recebem é um carinho para cada tarefa realizada com perfeição.
Apenas a aposentadoria é mais cedo, com sete ou oito anos de trabalho prestados. Depois desse período, o animal é oferecido para o seu tutor, que na maioria das vezes o aceita. Mas isso ainda está longe de acontecer na região. O mais jovem integrante é um pastor belga da guarda de Diadema, de apenas três meses; o mais velhinho é um labrador da GCM de São Caetano, mas ainda é meninão de 4 anos.
Campeões
Quem pensa que os animais obedecem apenas os comandos de “senta”, “levanta” ou “dá a pata” está completamente enganado. Alguns dos cachorros já venceram diversos campeonatos pelo País em competições com animais de outras corporações militares como Exército, Aeronáutica e Polícia Federal.
No Grande ABC, há campeões brasileiros de 2010. O pastor belga de Malinois Zeus e o labrador Hunter pertencem ao canil da Guarda Civil Municipal de Diadema e venceram o 1º Campeonato Brasileiro de Cães de Polícia, realizado no mês passado no Guarujá, no litoral paulista.
Eles formam uma dupla literalmente do barulho. Zeus é mais bravo, cumpre a função de cão de guarda e emite fortes latidos quando qualquer desconhecido se aproxima. Hunter é atrapalhado. Diverte-se com qualquer bolinha ou carinho que recebe, mas na hora do trabalho mostra serviço, é especialista em farejar drogas e explosivos.
“Esse é o resultado de muito trabalho com cursos de aperfeiçoamento e só temos que agradecer”, afirma o supervisor da GCM de Diadema, Rosair, idealizador do canil.
Estado de São Paulo conta com 388 cães ‘militares’
A Polícia Militar tem um batalhão de cachorros preparados para combater o crime em várias modalidades e no resgate de pessoas desaparecidas. No Estado de São Paulo há 388 cães, distribuídos em 22 canis. Na Capital, se concentra a maior parte: são 85 animais. Não existe canil da PM no Grande ABC.
Entre as funções de maior destaque, estão o policiamento em estádios de futebol e salvamento em tragédias, como a queda do avião da TAM, em 2007. Eles também participam de operações da Polícia Federal devido ao faro apurado.
Em janeiro, os cachorros do Corpo de Bombeiros da Capital foram acionados para ajudar a encontrar uma pessoa desaparecida no deslizamento de um barranco em Ribeirão Pires. Conan, um golden retriever de 4 anos, foi o responsável por indicar o local exato em que a confeiteira Analice de Oliveira Santos, 36 anos, estava soterrada. Ela e suas duas filhas morreram no local.
Sessenta anos
O canil da PM completou 60 anos em setembro. A trajetória é pontuada por momentos marcantes. Um deles foi em 1956, quando o pastor alemão Dick, num fato inédito, foi promovido a cabo. A atuação dele foi fundamental para a localização de um garoto que havia sido sequestrado.
Atualmente o canil conta com pastores alemão e belga, retriever, labrador, rottweiler e dobermann. Os cães cumprem carga horária de oito horas diárias, divididas em treinamento e policiamento.
“É um serviço trabalhoso. Os policiais precisam ter bastante paciência, afinal eles são animais”, diz o comandante da 3ª Companhia do 3° Batalhão de Choque, capitão Paulo Macedo, responsável pelo canil.
Fonte: Diário do Grande ABC (acessado em 04/10/10)