Cachorros abandonados nas ruas estão sendo exterminados no município de Jaguaretama (CE), a 240 km da Capital, no Vale do Jaguaribe. Os animais estão sendo capturados sem o consentimento formal do coordenador de Zoonoses, o médico veterinário, Dr. Érico de Medeiros, que havia suspendido a ação desde o ano passado, devido à falta de estrutura para abrigar os animais. A denúncia chegou ao conhecimento do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Ceará (CRMV-CE).
Os animais capturados nas ruas estão sendo levados para um local improvisado, instalado na área do lixão do município. É um cômodo pequeno, com apenas um vão, que mede cerca de 9m². Os animais ficam no local durante três dias, prazo dado pela lei municipal para ficar com a guarda dos animais, e depois são sacrificados. O sacrifício, realizado por meio de eutanásia humanitária, não é feito em ambiente adequado. Os animais são sacrificados no próprio lixão e depois tem seus corpos incinerados.
De acordo com o médico veterinário, desde outubro do ano passado, o serviço de carrocinha havia sido suspendido por falta de estrutura e material. “Quando o dono não queria mais o cão, por qualquer motivo, ele entrava em contato conosco. Depois nós íamos lá recolher o animal e ele era sacrificado, por não haver um local adequado onde eles pudessem ficar. Nós só recolhíamos os animais abandonados pelos donos e os animais com exame confirmatório de leishmaniose para o sacrifício”, explica.
O Setor de Zoonoses de Jaguaretama não possui um canil para onde os animais pudessem ser levados. O local deveria abrigar os animais abandonados, dividido por canis para separação dos saudáveis, dos doentes, das fêmeas, dos machos e dos filhotes. Ao invés disso, há apenas uma casinha, construída no próprio lixão da cidade, onde todos os cães ficam juntos. Devido às condições precárias, o serviço de carrocinha não pode ser realizado.
No início do mês de abril, a atividade foi retomada novamente com iniciativa da Secretaria de Infraestrutura. O veterinário, então, procurou o titular da Secretaria de Saúde, Edimilson Pinheiro, para explicar a situação e dizer que o Setor de Zoonose não se responsabilizava pelas ações que estavam sendo adotadas no município. “Eu cheguei para o secretário e falei o que estava acontecendo. Eu disse que eles poderiam ter chegado e conversado comigo. Daí eu iria dizer que precisaria concertar o canil, comprar o material para realizar o serviço, mas em nenhum momento isso aconteceu”, lamenta.
No dia em que a reportagem esteve no município para checar a denúncia, feita por um morador que prefere não se identificar, havia dez animais no canil improvisado. Segundo afirmou o veterinário, alguns destes animais já foram sacrificados. Ele explica que o processo é feito pela chamada eutanásia humanitária, na qual o cachorro recebe uma dose de sedativo e depois a injeção letal. Depois disso, os corpos são incinerados. Tudo acontece dentro da área do próprio lixão.
Fonte: Diário do Nordeste