Carrapato vira dor de cabeça para donos de pets que passeiam por SP

DAYA LIMA
da Revista da Folha

Quando resolveu tirar
uma semana de férias e levar Nik, um golden retriever de oito anos, para
gastar energia no parque Ibirapuera, Beth Bacchini, 48, não sabia que aquele
simples passeio lhe custaria caro. Voltou para casa com um cão alegre e
exausto, mas que trazia, a galope, carrapatos e pulgas.
"Sempre ouvi dizer que o Ibirapuera era infestado, mas achei que era
lenda", afirma a arquiteta. "Um parque desse porte não poderia
estar descuidado assim."
Cerca de três dias depois do passeio, o animal manifestava os incômodos de
carregar tantos parasitas. "Nik estava com uma coceira excessiva",
relata ela, que viu a praga se espalhar da pelagem do bicho para as paredes.
"Ou seja, meu cachorro e minha casa estavam doentes."
Veterinária especializada em parasitose, Silvia Monteiro alerta que não é
mesmo seguro andar com os pets em vias e praças da cidade. Segundo ela, os
espaços públicos, de um modo geral, estão à mercê de pulgas e carrapatos, que
ali se reproduzem vertiginosamente. "Em um inocente passeio podemos
levar vários desses insetos e ácaros para casa", constata. "Se não
tratados precocemente, em questão de dias, residências e animais ficam
tomados por eles."
O veterinário-clínico Rodrigo Santos pondera que, detectada a presença de
pulgas ou carrapato no animal, não há motivo para desespero. A primeira coisa
a fazer é levar o pet a uma clínica para banho com produtos carrapaticidas.
Em seguida, ficar atento para doenças que possam aparecer depois da
infestação.
Marco Antonio Vigilato, gerente do Centro de Controle de Zoonoses, argumenta
que não é apenas em praças que os animais estão propícios a serem infestados.
"Pulgas e carrapatos estão por toda parte." Por isso, ele chama a
atenção para o papel da posse responsável. "Recolher as fezes dos
animais é obrigação de todos", ressalta. "O que previne qualquer
tipo de infestação."
Em São Paulo,
o parasita mais comum é o carrapato-estrela. Apesar dos riscos, não dá para
privar o animal dos passeios diários. Cabe escolher espaços limpos, como
praças de bairros tuteladas pelos moradores.
Beth aprendeu a lição, que lhe custou R$ 1.500 entre banhos, remédios e
desinfetantes químicos para a casa. "Seleciono os lugares aos quais levo
Nik. Existem muitos bons por aí", afirma. "Fui atrás também de
alguns repelentes naturais para não expô-lo tanto à química dos remédios
contra pulgas e carrapatos. Vem dando certo."
A Secretaria do Verde e Meio Ambiente, responsável por alguns parques da
cidade, entre eles o Ibirapuera, alega que "o local passa por limpeza
diária, inclusive no espaço reservado aos cães". Além disso, a grama é
cortada regularmente. É bom ficar de olho: gramado bem cuidado é uma boa
forma de prevenção.

Males no caminho
Algumas doenças que podem ser transmitidas por parasitas e pelas fezes de
animais:

Erliquiose
O que é: causada pela bactéria Ehrlichia canis, que destrói as células
sanguíneas (hemácias, plaquetas e leucócitos)
Como se pega: pela picada do Rhipicephalus
sanguineus
(carrapato do cão).
Sinais clínicos: perda de peso, cansaço, anemia, manchas hemorrágicas
na pele, febre alta. Em casos crônicos, pode haver insuficiência renal e
lesão na medula óssea
Como evitar: medicamentos para controle de pulgas e carrapatos

Babesiose
O que é: causada pelo hemoparasita Babesia canis, que destrói glóbulos
vermelhos, levando à anemia grave
Como se pega: pela picada do Rhipicephalus
sanguineus
(carrapato do cão).
Sinais clínicos: febre alta, tristeza, perda de peso
Como evitar: usar medicamentos para controle de carrapato

Giárdia
O que é: protozoário que se aloja no intestino delgado
Como se pega: pelo contato com fezes, animais, água e ambientes
contaminados
Sinais clínicos: diarreia, desconforto intestinal, perda de peso e
vômito
Como evitar: com vacinação anual

Fonte: Dr. Rodrigo Santos,
veterinário-clínico de pequenos animais

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