Casos de raiva em morcegos não hematófagos em 2017 já superam em 35,2% o total do ano passado

Estado de SP lidera número de casos; incidência em humanos cresceu no norte e nordeste do País

No Dia Mundial Contra a Raiva, celebrado hoje, dados da Secretaria de Vigilância Sanitária (SVS) do Ministério da Saúde mostram que a situação do Brasil pode ser considerada alarmante no que diz respeito à doença. Este ano, até o mês de agosto, o País registrou 115 casos de raiva em morcegos não hematófagos. O número representa um aumento de 35,2% se comparado ao contabilizado em todo o ano de 2016, quando ocorreram 85 confirmações em espécies não hematófagas. O Estado de São Paulo lidera o número de casos, concentrando 60, ou seja, quase metade da estatística nacional.

“Cada vez mais caminhamos para uma situação mais preocupante com os animais silvestres”, comentou a membra da Comissão de Saúde Pública Veterinária do CRMV-SP e diretora técnica do Instituto Pasteur, Dra. Luciana Hardt Gomes.

A raiva humana também cresceu no Brasil: 2017 soma três casos – notificados na Bahia, Tocantins e Pernambuco -, enquanto em todo o ano passado duas pessoas foram infectadas – no Ceará e em Roraima.

Em bovinos houve 198 registros até agosto deste ano. Em 2016 o total foi de 234. A predominância se deu nas regiões Nordeste e Sudeste do Brasil.

Vacinação garante menor incidência em pets

Em pequenos animais os números são mais positivos. A incidência de raiva canina em 2017 foi de três casos, o que não chega a 50% do total registrado em todo o ano de 2016 (11 casos). O mesmo pode ser observado quanto à raiva felina: uma confirmação em 2017 e oito em 2016.

Segundo a Dra. Luciana, essa menor incidência em cães e gatos e o aumento em animais silvestres, embora seja uma característica de países desenvolvidos, merecem muita atenção dos gestores públicos e dos profissionais da medicina-veterinária. “Essa diferença nos números pode ser atribuída, principalmente, à campanha de vacinação anti-rábica, que é a melhor estratégia para a prevenção de casos e cuja cobertura em SP foi superior a 71% em 2016.”

De acordo com a Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, 3,3 milhões de cães e 796,3 mil gatos foram imunizados contra a raiva entre 2016 e 2017 (a estatística não inclui os números da campanha vacinal deste ano, uma vez que alguns municípios ainda não finalizaram a vacinação).

Na opinião da Dra. Luciana, agora é preciso que haja, também, ações focadas em silvestres, envolvendo, por exemplo, monitoramento, principalmente a partir de animais vítimas de atropelamento, que podem ir para estradas e se tornarem vítimas por causa de alterações neurológicas.

Clínicos como sentinelas

De acordo com a médica-veterinária, as alterações neurológicas estão entre os sinais mais importantes da Raiva e é fundamental que os profissionais que atuam na área clínica não deixem de cogitar a zoonose entre as possibilidades de diagnóstico, seja em pets, herbívoros ou silvestres. “O médico-veterinário sempre deve desconfiar de sintomas neurológicos, até porque, nos casos cuja variante é de morcego, o animal muitas vezes não fica tão agressivo e desenvolve mais a paralisia.”

Outro ponto destacado pela Dra. Luciana é a importância que os gestores públicos precisam dar para a campanha de vacinação em todas as regiões do País, que possuem diferenças sociais, econômicas e culturais que podem interferir na abrangência da cobertura vacinal. A conscientização sobre a prevenção com a devida divulgação da necessidade da imunização dos animais tem reflexos cruciais para promoção da saúde pública, inclusive, no que diz respeito aos gastos públicos e lotação na rede hospitalar.

A raiva no mundo

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que aproximadamente dois terços dos países do mundo ainda são afetados pela raiva. Entre os casos em humanos, mais de 95% são causados por mordeduras de cães infectados, o que deixa clara a importância das campanhas vacinais como política pública.

Segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), para ser efetiva uma campanha de vacinação contra a raiva deve cobrir ao menos 70% da população de cães nas zonas afetadas pela doença. A prevenção com a imunização, ainda de acordo com cálculos da entidade, tem custo quase 10 vezes menor do que os valores já investidos no tratamento emergencial de pessoas acometidas pela doença.

Seminário terá foco na Vigilância e Controle da Raiva em SP

O Instituto Pasteur e a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS) considerando a importância da Raiva na saúde pública, e visando mais efetividade das ações preventivas e de controle desta doença no Estado, irá promover o evento.O seminário acontecerá nos dias 2 e 3 de outubro, no Grande Auditório Rebouças, que fica no endereço Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 23, Cerqueira César, São Paulo (SP).

Texto: Assessoria de Comunicação do CRMV-SP.

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