Catálogo on-line reunirá dados sobre peixes da ordem Characiformes

Preocupados com a possibilidade de espécies endêmicas de animais aquáticos desaparecerem antes mesmo de serem conhecidas pela ciência – em decorrência de alterações no habitat causadas por atividades agropecuárias ou construção de usinas hidrelétricas na região das nascentes de vários tributários da bacia amazônica –, pesquisadores do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP) têm se dedicado a coletar e atualizar informações sobre uma das ordens mais vastas e diversificadas de peixes de água doce existentes: a dos Characiformes.

Nesse grande grupo estão incluídas espécies com escamas bem diferenciadas e uma grande diversidade de formas – desde pequenos lambaris e piabinhas, com menos de 5 centímetros de comprimento, até os tambaquis da Amazônia, que chegam a mais de 1 metro de comprimento e 60 quilos.

Um dos objetivos do projeto, realizado desde 2011 com apoio da FAPESP e coordenação do professor Naércio Aquino Menezes, consiste na publicação de um catálogo on-line – previsto para ser lançado nos próximos meses. A consulta ao material será gratuita.

No catálogo, estarão listadas mais de 2,3 mil espécies de peixes já descritas, com informações precisas sobre sua distribuição geográfica na América do Sul, América Central, África e região sul dos Estados Unidos.

As diferentes espécies foram agrupadas em famílias, de acordo com características que possuem em comum. São reconhecidas atualmente 14 famílias: Parodontidae (canivetes), Curimatidae (saguirus, branquinhas), Prochilodontidae (curimbatás), Anostomidae (piaus, piaparas, aracus), Crenuchidae (mocinhas), Hemiodontidae (cruzeiro-do-sul), Gasteropelecidae (peixes-borboleta), Characidae (lambaris, piabas, pacus, piranhas, tambaquis, dourados, matrinchãs), Acestrorhynchidae (ovevas, peixes-cachorro), Cynodontidae (cachorra), Erythrinidae (traíras), Lebiasinidae (zepelins, copeinas) e Ctenoluccidae (bicudas).

“Concentramos o trabalho de campo principalmente nas cabeceiras de rios estrategicamente situados, como Tocantins, Paraguai, São Francisco, Xingu e Tapajós. Eles alimentam a grande bacia amazônica e são alvos para a construção de novas hidrelétricas. Nessa parte alta dos rios, há sempre um número elevado de espécies e até de gêneros novos. A parte baixa das grandes bacias já foi mais explorada”, contou Menezes.

Segundo o pesquisador, muitas dessas espécies que habitam a cabeceira dos rios são endêmicas, ou seja, não conseguem sobreviver em outro tipo de ambiente. “Elas tendem a desaparecer com a construção de usinas hidrelétricas, pois as barragens normalmente são feitas a montante e alteram completamente as características desse habitat. No caso de Belo Monte, nem sequer sabemos ao certo quantas espécies foram afetadas. Não havia um levantamento prévio”, comentou.

Além disso, segundo o pesquisador, as barragens podem ter um efeito deletério às espécies migradoras, que sobem rio acima para desovar em áreas próximas às cabeceiras dos rios.

Para Menezes, o conhecimento gerado no âmbito do Projeto Temático apoiado pela FAPESP poderá ser útil para orientar o planejamento de futuras obras de infraestrutura.

“Não somos contra o desenvolvimento ou a construção de barragens. Mas defendemos que isso seja feito seguindo a orientação de especialistas e buscando alternativas menos prejudiciais ao ambiente”, disse o pesquisador.

Fonte:Agência Fapesp.

Relacionadas

Primeira_reuniao_Plenaria_nova_gestao_CRMV-SP_CFMV_15.05 (1)_ed
Cerimonia_posse_oficial_14.08 (25)_ed
09.05.2024_FEBRE_OROPOUCHE_Adobe_Stock_MATÉRIA
12.08.2024_FeiraPetVet_Freepik

Mais Lidas

Diagnóstico por imagem é uma das especialidades reconhecidas pelo CFMV
Crédito: Acervo CRMV-SP
Notebook com a tela inicial da Solução Integrada de Gestão do CRMV-SP (SIG CRMV-SP)
Responsável técnico é a figura central que responde ética, legal e tecnicamente pelos atos profissionais da empresa
Crédito: Freepik
Em São Paulo, a primeira instituição destinada ao ensino da Veterinária teve origem no Instituto de Veterinária, nas dependências do Instituto Butantan, no ano de 1919 Crédito da foto: Acervo Histórico/FMVZ-USP

Contato

(11) 5908 4799

Sede CRMV-SP 

Endereço: Rua Apeninos, 1.088 – Paraíso – CEP: 04104-021
Cidade: São Paulo

Newsletter

Todos os direitos reservados ao Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo – CNPJ: 50.052.885/0001-40