Nos últimos 11 anos, a Leishmaniose Visceral Canina causou mais mortes que a dengue em nove estados brasileiros. A doença, que antes era limitada a áreas rurais e à Região Nordeste, hoje encontra-se em todo o território nacional. Um levantamento realizado com base em números do Ministério da Saúde aponta que a leishmaniose provocou 2.609 mortes em todo o País, entre 2000 e 2011. No estado do Mato Grosso do Sul, no período referente ao levantamento, 65 pessoas morreram em decorrência da dengue, enquanto 194 foram vitimadas pela Leishmaniose.
Este ano, de janeiro a setembro, segundo a Secretaria Estadual de Saúde de Mato Grosso do Sul (SES/MS), foram registrados 278 casos de Leishmaniose humana e 14 mortes causadas pela doença. Ainda de acordo com os dados da SES/MS, a doença está presente em mais de 50% dos municípios do estado.
Diante deste cenário, o CFMV e todo o Sistema CFMV/CRMVs, que compreende os 27 Conselhos Regionais de Medicina Veterinária em todo o Brasil, entendem que o tratamento da Leishmaniose Visceral em animais não é recomendado, pois, atualmente, não existe medicamento fabricado e certificado no país que seja eficaz no tratamento e na cura da doença.
O posicionamento institucional do Sistema CFMV/CRMVs atende à legislação federal, sanitária e criminal; e à determinação do Ministério da Saúde e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, por meio da Portaria Interministerial n° 1.426/2008, que classifica a eutanásia como único recurso seguro no combate à doença.
Cassação
Frente aos questionamentos sobre os motivos que levaram à cassação do mandato da ex-presidente do Conselho Regional de Mato Grosso do Sul (CRMV/MS), o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) esclarece, ainda, que a presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Mato Grosso do Sul, à época, Dra. Sibele Luzia de Souza Cação, foi a público para defender e incentivar o tratamento da Leishmaniose Visceral Canina, por meio de entrevistas concedidas à imprensa e da divulgação do assunto nos veículos de comunicação do CRMV/MS (portal e informativo institucional).
Tal posicionamento da ex-dirigente teve como desdobramento uma representação encaminhada pelo Ministério Público Federal do Estado do Mato Grosso do Sul (MPF/MS) ao Conselho Federal de Medicina Veterinária.
Dessa forma e com base nos esclarecimentos citados, o CFMV entende que o posicionamento adotado pela ex-presidente do CRMV/MS contrariou os aspectos técnicos do tema, vulnerabilizando a sociedade e confrontando o papel institucional e social do Sistema CFMV/CRMVs.
O Conselho Federal entende, ainda, que o médico veterinário tem um papel extremamente importante para a saúde humana e deve atuar, também, para garantir a segurança da população.
Fonte: Portal CFMV (acessado em 21/12/12).