Ciclo de palestras do CRMV-SP aborda atualidades nas afecções neurológicas em equinos

Idealizados pela Comissão Técnica de Equideocultura do Regional, eventos ocorrem em abril e maio. Próximo encontro abordará incoordenação com sede na coluna vertebral e raiva equina

26/04/2023

às 15h53

Texto: Comunicação CRMV-SP/ Foto: Shoeb Khan (Pexels)

O Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-SP), por meio de sua Comissão Técnica de Equideocultura, realiza uma série de palestras, em formato digital, abordando as principais atualidades nas afecções neurológicas em equinocultura. O ciclo, que foi iniciado no dia 20/04, segue até maio. O próximo encontro está programado para quinta-feira (27/04), às 19h, e terá como temas “Incoordenação com sede na coluna vertebral” e “Raiva equina”.

O presidente da Comissão, Otávio Diniz, explica que a iniciativa de se realizar o ciclo de palestras visa disponibilizar informações atualizadas aos profissionais médicos-veterinários sobre doenças neurológicas, em especial das principais zoonoses que acometem equinos. “A maior parte dessas afecções possui sintomatologia semelhante e a intenção é subsidiar os colegas do setor para um diagnóstico diferencial, com foco, sempre que possível, na recuperação do animal. As doenças neurológicas ainda são pouco exploradas e há muitas dúvidas e dificuldade no diagnóstico final.”

O segundo encontro terá como ministrantes os médicos-veterinários Luis Alberto da Silva Vasconcellos, mestre em Clínica Médica e criador da disciplina de Medicina Equina Esportiva na Unifeob; e Silvio Arruda Vasconcellos, doutor em Ciências Biológicas (Microbiologia), professor titular aposentado da Universidade de São Paulo, conselheiro do CRMV-SP e representante do Regional no Comitê Estadual de Vigilância e Controle da Raiva no Estado de São Paulo.

“Vendo a dificuldade que os profissionais de medicina equina têm em elaborar diagnóstico neurológico, sugeri junto ao CRMV-SP, uma parceria com o intuito de tentar mudar esse panorama. Uma simples palestra tornou-se numa grande iniciativa para a medicina equina, com profissionais de diferentes universidades e áreas”, afirma Silva Vasconcellos, autor de três livros sobre o cuidado com equinos (“Problemas neurológicos na clínica equina”, “Doenças respiratórias nos equinos e seus métodos de diagnóstico por imagem” e “Neurologia e Neurocirurgia equina: princípios gerais”).

Um dos diagnósticos diferenciais importantes é a raiva equina e o professor Silvio de Arruda Vasconcellos irá abordar a situação atual da doença no Estado de São Paulo, os fatores que propiciam a sua ocorrência, as medas adotadas para prevenção e controle, bem como prevenção do risco ocupacional. “Há uma ocorrência da doença nos níveis esperados em áreas com condições ambientais favoráveis que exigem medidas de controle permanentes. A participação do CRMV-SP na complementação da formação e atualização dos profissionais é uma atividade de fundamental importância. Esta é uma excelente iniciativa”, ressalta.

Evolução da área e das técnicas diagnósticas

Luis Alberto da Silva Vasconcellos destaca a importância do ciclo de palestra, uma vez que há anos o assunto não é desenvolvido na sua totalidade, seja em congressos ou eventos regionais. Em sua palestra o pesquisador pretende abordar a evolução que a Neurologia e a Neurocirurgia tiveram nos últimos 30 anos.

Silva Vasconcellos, que iniciou na área após o insucesso no atendimento de um primeiro caso neurológico, desenvolveu uma metodologia diagnóstica publicada em seu livro; acompanhou o desenvolvimento de novos recursos, como a ressonância magnética, a tomografia computadorizada e a radiologia robótica; publicou uma técnica cirúrgica em coluna vertebral cervical de equinos, quando até então só havia uma do ano de 1979; e desenvolveu órtese para ser usada na fixação de vértebras cervicais, atualmente produzidas no Brasil.

“Espero que com esse evento produzido pelo CRMV-SP e com todos os participantes possamos atualizar os médicos-veterinários de equinos, quebrando dogmas e conceitos, e mostrando o quanto essa especialidade evoluiu, seus diagnósticos, recursos terapêuticos e cirúrgicos, e, ainda, o uso da Medicina Veterinária alternativa ou não alopática, que tem trazido resultados fantásticos”, pondera o profissional, que teve experiência e lecionou nos Estados Unidos e Europa.

Novas pesquisas e atualização

Atualmente em dois projetos de pesquisa, em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (RS) e com a Universidade Estadual “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp-Jaboticabal/SP), sobre a má formação de vértebras cervicais em equinos de diferentes raças, Silva Vasconcellos acredita que a iniciativa do CRMV-SP fará com que os profissionais revisitem, por exemplo, problemas como a claudicação.

De acordo com o pesquisador, cerca de 40% desses casos podem ter origem neurológica, e de 4 a 6 cavalos em cada 10 podem ter malformações cervicais subdiagnosticadas. “Fora a importância de se dizer que todas as encefalites equinas (de origem infecciosa) são zoonoses. Esperamos com essa iniciativa seja uma semente para outros eventos como esse. Parabéns ao CRMV-SP e a todos os evolvidos.”