A pesquisa precisa usar cada vez menos bichos em experimentos, mas nunca será possível abrir mão completamente dos animais no meio científico. Essa é a avaliação do médico Marcelo Morales, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que falou sobre o tema durante a reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que está sendo realizada nesta semana, em Natal.
“Vai ser muito difícil, quase impossível [não usar animais em pesquisas]. Quando testamos um medicamento que pode curar uma célula de câncer, é possível fazer um frasquinho com uma célula cancerígena, tratar e ver. Mas será que quando injetado no rato, no camundongo, no ser humano, no porco, no macaco, não vai matar o organismo inteiro?”, questionou.
Morales foi um dos grandes incentivadores da Lei Arouca, regulamentada há um ano, que estabelece regras para o uso de animais em pesquisa no Brasil. Apesar de julgar importante utilizar cobaias, ele se considera um ativista em prol dos bichos. “Eu lutei para que fosse criada uma lei que protegesse os animais.”
O médico defende, também, que sejam financiadas novas pesquisas para métodos alternativos ao uso de bichos durante os testes. “Ainda há poucos laboratórios que fazem. No exterior, isso é mais avançado.”
Conscientização
Depois de conseguir aprovar a lei, pesquisadores agora se esforçam para mostrar às pessoas que precisam usar animais para fazer ciência. “Quando falo que sou pesquisador, cientista, a primeira coisa que vem na cabeça das pessoas é que eu mato ratinhos”, diz Morales.
Recentemente, um grupo de acadêmicos, entre eles a SBPC e a Associação Brasileira de Ciências (ABC) conseguiu apoio do governo federal para veicular um comercial de TV dizendo que “hoje, quase todos os medicamentos (..) são resultado de pesquisa com animais de laboratório”.
De acordo com o cientista, haverá também campanha nas escolas públicas de ensino médio, com cartilhas e cartazes. “Isso vai incitar o aluno à discussão”, defende.
Fonte: G1 (acessado em 30/07/10)