O cientista brasileiro Beny Schmidt encarou uma aventura até a Antártida para realizar biópsias em pinguins. O objetivo foi coletar material para poder realizar estudos que ajudem na compreensão do funcionamento da temperatura do corpo humano. O chefe do Laboratório de Patologia Neuromuscular da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Schmidt, embarcou para o continente gelado no último dia 3 – ele ficou cinco dias no local. Para a missão, o patologista neuromuscular contou com a ajuda da FAB (Força Aérea Brasileira) e da Marinha.
“O acesso até a Antártida é bem complicado. A viagem foi feita em aviões comercial e da FAB, além de parte pela Marinha do Brasil. Foi a primeira vez que fui fazer uma pesquisa de campo deste porte e me surpreendi com o valor da Marinha brasileira”, declarou o cientista. Sobre sua pesquisa, Schmidt explicou que o principal fator da causa de morte nos atletas não é o infarto do miocárdio, como muitos pensam. “Trata-se da hipertermia, que é a elevação da temperatura do corpo a níveis que podem afetar o metabolismo. Nosso objetivo é evitar a morte de atletas de esportes que exigem muito do corpo, como os maratonistas”.
O cientista afirmou que decidiu optar por estudar os pinguins devido à capacidade de resistir às diversas temperaturas. “São aves maravilhosas. Um pombo vive um ano, já os pinguins vivem mais de 40 anos. Algumas espécies podem sobreviver tanto a mais de 30 graus Celsius, como a menos de 50 graus”.
Schmidt desembarcou na base chilena na Antártida – a brasileira está em reconstrução após o incêndio ocorrido no último ano. Ele teve o apoio de uma equipe da Marinha brasileira. “Fizemos coleta de sangue em cinco pinguins, nessa primeira fase. Faremos análises necessárias para analisar as atividades mitocondriais dessas aves”.
O cientista explicou que busca entender a função das mitocôndrias no controle da temperatura no corpo. “Esse sistema que regula o controle da temperatura do corpo está ligado à própria longevidade dessas aves. Além dos benefícios para a pesquisa, também daremos um passo no caminho da ciência que estuda o envelhecimento e a longevidade.”
Schmidt afirmou que ficou grandemente agradecido pelo apoio recebido da Marinha. “Fica a mensagem para os brasileiros. Realmente eu volto orgulhoso dessa jornada. A Marinha mostrou que é um lugar de gente trabalhadora e que deveria servir de exemplo para outras classes sociais do País.”
Para o estudioso, a experiência de ter visitado a Antártida ficará na memória. “As imagens são lindas. É um local de difícil sobrevivência. Eu senti que estava invadindo um ecossistema que não me pertencia. Isso mostra o valor do nosso trabalho. Tive a oportunidade de conhecer um continente que não foi invadido pelo homem”, explicou.
Fonte: Portal do CFMV (acessado em 18/03/2013).