Estímulo à promoção do agronegócio cavalo no exterior, divulgação de linhas de crédito existentes nos bancos para alavancar a atividade, qualificação profissional de mão-de-obra, fortalecimento da representatividade do setor, investimentos em pesquisa e tecnologia e disponibilidade de mais recursos para programas de sanidade animal. Essas são algumas das principais demandas necessárias para proporcionar o crescimento da atividade equestre no país, segundo o presidente da Comissão Nacional de Equinocultura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Pio Guerra Júnior.
Segundo Guerra, mesmo com todas as dificuldades enfrentadas hoje, o setor tem maior importância econômica do que atividades mais tradicionais. O agronegócio equino gera, por exemplo, 642,5 mil empregos diretos, ficando à frente de segmentos como o comércio atacadista, correios e a indústria automotiva. Os postos de trabalho indiretos chegam a 2,6 milhões.
Já as exportações da atividade em 2009 totalizaram US$ 27,4 milhões, receita superior a de produtos como café torrado e cachaça, que têm uma divulgação bem mais ampla fora do país. “Esses fatores são importantes para nos dar subsídios para reivindicarmos políticas públicas e mostrar a importância deste setor para o agronegócio, além de quebrar preconceitos”, diz Guerra.
O Brasil tem o quarto maior rebanho equino do mundo, com 5,8 milhões de cabeças, atrás dos Estados Unidos, China e México. O faturamento anual da indústria do cavalo é de R$ 7,5 bilhões. Em relação ao crédito rural, Pio Guerra, que também é vice-presidente de secretaria da CNA, apontou como principal problema a falta de informações sobre a existência de linhas de financiamento. “Precisamos de uma articulação junto ao Banco do Brasil e às associações de criadores para divulgar a existência da linha de crédito”, afirma.
Guerra reconheceu a falta de engajamento dos criadores na promoção da atividade equestre. “Infelizmente, o criador de cavalo raramente vive disso. Ele cria por hobby. Quando ele não tem esta dependência, o entusiasmo em fazer parte das discussões da cadeia produtiva é menor”, justifica.
Outro gargalo mencionado pelo representante da CNA foi a deficiência do terminal de cargas vivas do aeroporto de Campinas, de onde parte toda a quantidade de cavalos vivos exportada. Com a liberação pela União Europeia das vendas externas brasileiras desses animais para o bloco e o fim das barreiras comerciais por causa do mormo (doença que ataca o rebanho), Guerra diz que será necessário investir no aprimoramento do terminal.
Quanto às potencialidades da atividade, o turismo equestre é a grande aposta. “No Brasil, há muito mais espaço para a prática desta atividade que em outros países. Precisamos fazer levantamentos e identificar locais propícios”, afirma. No entanto, em termos de receita e geração de empregos, esse ramo ainda fica muito abaixo de atividades como a lida com o gado, principal finalidade do uso do cavalo no país, que emprega mais de 85% da mão-de-obra com carteira assinada e fatura quase R$ 4 bilhões.
Fonte: Revista Globo Rural